Sim, já fomos mais inteligentes… sobre vaias, protestos e acordos.

Foto: Agência Estado
Foto: Agência Estado

Uma vez o Brasil vivia a febre da Luíza, aquela que estava no Canadá. Um dos grandes jornalistas brasileiros, Carlos Nascimento, começou o jornal do SBT com o seu agora famoso “nós já fomos mais inteligentes”, hoje vejo que ele tinha total razão.

Hoje aconteceu a abertura da Copa das Confederações em Brasília e o que a gente viu? Protestos, tumultos e vaias, e antes de começar a me criticar por favor não entenda que estou defendendo o governo ou criticando, longe disso, estou apenas criticando a “inteligência” dos protestos.

Pense comigo, primeiro os protestos de fora do estádio, motivo para lá de justo e correto, investir 1bilhão e 300 milhões de reais em um estádio de futebol é um escárnio, é um escândalo e um absurdo, mas pergunto: o estádio começou a ser construído ontem e amanheceu pronto? Onde estava essa gente na hora que o antigo Mané veio abaixo? Onde estavam os protestos quando o valor inicial de 700 milhões foi divulgado? Por que não fizeram o mesmo cordão, o mesmo enfrentamento na tentativa de evitar a construção?

Essa semana apenas que caiu a ficha? Será que se o tal protesto da passagem de São Paulo tivesse ocorrido estes protestos estariam acontecendo hoje? E ainda vale a pergunta: só hoje? Será que se o Brasil tivesse crescido o que fora prometido no passado esse protesto estaria acontecendo? Pense bem, 1 bilhão e 300 em um estádio seguiriam sendo escárnio com o dinheiro. Mas aí tudo bem?

Bom, vamos para dentro do estádio, vaias para a presidente Dilma, ok, vivemos em um país democrático e ela pode ser vaiada, sem problemas, mas por quem ela foi vaiada? Pelas pessoas que só estavam ali, naquele estádio que a Fifa chama de Nacional porque o Lula e a Dilma resolveram gastar 1bilhão e 300 milhões do dinheiro público. Essas pessoas vaiaram a Dilma? Como assim? Elas pagaram os “olhos da cara” em um ingresso para vaiar quem proporcionou que ela estivesse ali? Como assim? Como assim?

E vamos de novo afirmar para que não fique dúvidas, os protestos são justos, os motivos justíssimos, os locais e as datas não. Então, no somatório de tudo passamos a imagem de um país fraco, sim, fraco. Pois em teoria não conseguimos fazer valer nossa vontade.

Você que está vaiando, criticando, protestando, deve lembrar que tudo isso começou lá atrás, com o Lula, a Fifa não veio aqui no Brasil de joelhos pedindo para sediarmos a copa, não. Nós fomos lá e pusemos a nossa candidatura e ao fazer isso aceitamos todos os termos da Fifa.

Ok, você não fez isso, foi o seu representante, você não tem nada a ver com isso, não posso te chamar de menos inteligente por isso, certo? Errado. Quando Lula terminou o seu segundo mandato ele veio para a gente e falou, olha tem essa mulher aqui, ela nunca foi eleita para nada e eu prometo que ela seguirá fazendo tudo que eu fiz e fará ainda melhor, vocês querem?

O que a gente fez? A gente disse sim. Então meus nobres, meus caros leitores, escassos diria. Nós assinamos junto com o governo todos os contratos, todos os aditivos, todas as contas, todas as ordens de desapropriação, nós fizemos isso sozinhos, porque quisemos e sabendo de todos os riscos.

Sim, Carlos Nascimento tinha razão, já fomos mais inteligentes. Protestar contra a Copa e os valores gastos é uma tolice e é o mesmo que protestar contra nossa própria decisão. Deveríamos estar a frente dos ministérios e secretárias de saúde protestando contra a falta de saúde de qualidade na rede pública. Deveríamos estar na frente de escolas, universidades, secretarias e ministério da educação protestando contra a falta de educação de qualidade. Deveríamos por exemplo nos organizar e irmos até a cidade de Juazeiro do Norte onde o prefeito e a câmara municipal de vereadores cospem na cara da sociedade ao diminuir o salário dos professores em 25%. Deveríamos estar protestando por mais segurança e não enfrentando os poucos policiais que nos são oferecidos.

Tudo isso não estava no combinado, não estava no contrato que assinamos ao apertarmos o “confirma”. Tudo isso vem sendo deixado de lado e nos foi prometido a exaustão. A copa não, a copa eles fizeram o que poucas fazem, cumpriram o prometido, construíram estádios absurdamente caros, baixaram as calças para a Fifa e despejaram pessoas em torno dos estádios, mas tudo isso a gente já sabia e concordamos, sim, Carlos Nascimento, nós já fomos mais inteligentes.

Por que doar?

No momento que escrevo este texto minha tv está ligada no Teleton 15 anos. Para os totalmente excluídos do mundo, o Teleton é um programa de pouco mais de 24 horas apresentado pelo SBT anualmente para arrecadar fundos para manutenção e construção de unidades da AACD. E aí a pergunta: doar ou não doar – para dar cabo ao texto deixo claro minha posição – doar.

Mas vamos lá, não seria uma obrigação do poder público dar todo tipo de assistência possível aos portadores de necessidades especiais que procuram locais como a AACD? Nossos impostos não são suficientes para provermos o melhor para todos? Sim é a resposta para as duas perguntas mas isso não inviabiliza a doação.

Comparemos: Nos Estados Unidos, por exemplo, não há um sistema nacional de saúde público, ou seja, todo mundo tem que pagar por todo tipo de tratamento, é claro há exceções mas fiquemos na regra para exemplificar, isso é feito através dos planos de saúde. Além disso há na cultura do americano doações dos mais ricos para faculdades, hospitais, instituições, isso é absolutamente normal, aqui não.

Por outro lado, pagamos mais impostos que os americanos, tutelamos ao estado algo que o americano faz por conta própria. Mas vamos ver outro exemplo, a França: lá também paga-se menos impostos que no Brasil (aliás, onde não se paga?), também há costume de doações espontâneas para instituições, faculdades e hospitais, porém lá o sistema é universal e é público tudo que o francês precisa de atendimento hospitalar ele tem.

E agora, o que diferencia um do outro? Cultura e apenas cultura? Pelo jeito sim. Há, é claro um gigantesco abismo de modos de gestão na saúde pública brasileira, temos poucos médicos e consultórios, os poucos que tem estão concentrados em grandes metrópoles. Há também a diferença do “como” fazemos. Aos poucos tentamos implementar a prevenção como modo de saúde, ainda é precário, ainda é básico e ainda é encarado como uma espécie de estágio para o mundo da medicina.

Então contemos nossos problemas:
Temos problemas de gestão
Temos défict no número de profissionais
Temos poucos hospitais
Temos baixos salários, o que afasta a possibilidade de profissionais almejarem carreira como médicos de família.

Qual é a solução? Tempo?

O tempo será um dos grandes aliados, mas não pelo tempo pelo tempo, mas sim porque iremos aos poucos tomando consciência de que podemos mais, de que devemos exigir mais e a qualidade dos serviços irão melhorar. Também, com o tempo iremos perceber que também nós podemos e devemos fazer nossa parte como parte ativa da sociedade.

Então a doação faz parte sim de uma sociedade madura e na minha opinião deve ser feita com regularidade. O show que vemos em programas como o Teleton faz parte de nossa sociedade pouco habituada com o gesto, o tempo irá se encarregar, espero e torço, de acabar com o show e transformar doações em hábitos tão enraizados quanto o pagamento do IPVA.

Lembremos claro que você não precisa doar apenas dinheiro, você pode doar tempo. Pequenas tarefas em instituições, conheço uma moça (não gosta de publicidade por isso não citarei seu nome) que uma vez por semana vai a grande orfanato de Curitiba para ensinar as crianças a fazer do seu dia a dia mais sustentável. Pouco? Muito? Depende de quem olha… depende de quem compara… depende de quem recebe…

Para terminar, espero que você entenda que o texto aqui não é um apelo ao seu emocional pela doação, mas sim um apelo ao seu intelecto. Quanto melhor estiver a sociedade que você vive mais chances você terá de prosperar, então, deixando de lado qualquer sentimentalismo barato entenda que a cada dia você pode fazer toda a diferença no mundo em que vive.

Sobre educação, censura e assassinato

Educação. As vezes fica até chato falar sobre esse tema, mas, na minha opinião a maior parte dos problemas da sociedade recaem sobre este tópico. Aliás, já até escrevi sobre isso aqui.

Censura. Outro tema que nos parece distante, que desde o fim da ditadura nos anos 80 parece ser um tema vencido, mas é ?

E quando uma coisa interfere na outra? É o que estamos vendo hoje em dia no Brasil. Sim, não conseguimos educar a população e para que não tenhamos atos que não estejam de acordo com o que convencionamos certo, proibimos.
já é assim nas novelas, nas designações dos horários de programa que podem ou não serem exibidos, mais recentemente no canto das torcidas nos estádios em que “proibi-se” palavras de baixo calão.

As novas batalhas da Censura X Educação são: querem cassar o candidato/palhaço humorista Tiririca porque segundo os paladinos dos bons princípios brasileiros ele estaria desrespeitando o Congresso Nacional.

Sim, Tiririca com suas piadas desrespeita o parlamento brasileiro, os mensalões, os  escândalos, os funcionários fantasmas não! Também nesse campo, mas dessa feita erguida sob a bandeira da segurança, em Curitiba proibiu-se o uso de telefone celulares nas agências bancárias, a intenção é boa, mas como dizem, de boas intenções o inferno está cheio e este é mais um caso destes.

Paes, Cabral  e Lula, cumplices de assassinato?

O título parece forte, e é. Mas não posso deixar de comentar nesse espaço o que ocorreu no Rio de Janeiro essa semana. Um jovem morreu simplesmente porque o Estado não cumpriu  decisão judicial (precisava de uma decisão judicial?)de fornecer um aparelho para um jovem.

A história é assim: depois de fazer muita hemodiálise a rapaz precisava de um aparelho cujo aluguel custava R$ 500 diários, esse aparelho não era para toda vida, somente até o jovem ter se recuperado, o Estado disse que não poderia fazer nada, o Ministério Público entrou na justiça e garantiu o direito, o Estado não cumpriu e um dos integrantes do “futuro do Brasil” morreu. Simples assim!

Ricardo Boechat na Band News pela manhã definiu bem o que pode ter acontecido: os governantes deviam estar tão ocupados em dizer quem roubou menos, quem fez mais, quem quebrou sigilo de quem, quem tem o pau maior que quem, que, claro, esqueceram do “otário” do Rio de Janeiro, afinal, ele nem tinha título de eleitor mesmo!