Coxinha ou não, a hora chegou!

0HomerinEla é um dos eventos esportivos mais esperados do mundo. Nada angaria tantos fãs ao redor do mundo do que ela. Mas ela tem dono, pai, e este costuma cobrar caro para liberar ela ao mundo. Quem é ela?  A Copa, claro. Quem é o dono? A Fifa, claro. Vale a pena pagar? Aí é outra história.

Quando em 2005 o Brasil apresentou a sua candidatura a sediar a Copa do Mundo já não parecia uma ideia tão boa assim, mas, e o mas pode levar você ao céu ou ao inferno, o Brasil crescia como poucas vezes em sua história, o tal do mensalão ainda não tinha se tornado em um escândalo tão grande e “péra lá”, a copa de 2010 ia ser na África, que diabo, se a África pode o Brasil não pode? Claro que pode! Vamos nos candidatar uai. E lá fomos nós. Projeto pra cá, projeto para lá, consultoria, projetos, sedes, promessas, o Brasil será a nova europa diziam os mais entusiastas, imagina na copa ensaiavam os oposicionistas.

E veio o resultado e sejamos justos, foi carnaval fora de época no país, crescimento econômico, promessas de investimento, o que pode dar errado? Tudo. E deu. O crescimento da economia freiouuuu e se antes a gente reclamava de crescimento de 5%, agora mal passamos dos 3%. Se antes tínhamos esperanças que os majestosos legados da copa seriam permanentes aos poucos fomos descobrindo que ou não ia dar tempo, ou que o projeto estava mal feito ou que sairia bem mais caro do que o esperado, e foi assim que nos deparamos com uma dura realidade. Não teríamos legado e ainda assim teríamos uma conta enorme para pagar.

Tal qual uma família que compra um carro zero e descobre que o valor das prestações poderiam ser investidos em outra coisa, o brasileiro descobriu a conta toda da Copa. Mas façamos justiça: a FIFA é uma empresa e se tem corrupção, se tem compra de votos para sedes, se desviaram dezenas de milhares de euros, como falei anteriormente, não temos nada com isso, eles são uma empresa. Fomos nós, que afoitos de mostrar ao mundo que somos os “The best of the world”, fomos até ela e entregamos nosso coração e nosso dinheiro para que ela impusesse ao povo brasileiro tudo como queria, do jeito que queria, como queria. E nós cordeiramente, aceitamos.

Algo ficou de bom nesta copa, o chute no traseiro que a FIFA nos deu. Acordamos, talvez de saco cheio de tudo o que estava acontecendo. Talvez por descobrir que o tal legado era uma lenga-lenga, talvez por descobrir que vinte centavos fazem sim muita diferença no bolso do trabalhador, talvez por tudo isso e muito mais coisas resolvemos protestar. O clima de festa foi substituído por clima de revolta, o que antes foi comemorado passou a ser desprezado e descobrimos o verdadeiro legado, aquele que talvez tenha ficado ao nosso povo e ao nosso país:

Não precisamos aceitar tudo dos outros. Nem tudo que vem de fora é melhor, é certo, ou vale a pena. Os políticos entenderam, eu acho, que não podem simplesmente se apossar de uma paixão e tentar manipula-la. Já diria o mais redundante dos ditados: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Tal qual o encanto da salsicha se perde como descobrimos o seu modo de fabricação, o encanto do brasileiro diminuiu quando descobriu como a copa de fato é feita.

Enfim, o dia chegou, não adianta chorar, não adianta mais protestar, não adianta inventar. Agora, o que resta é aproveitar aquilo que já aproveitávamos sem precisar gastar, a copa. O jogo. A vibração. O fato de você assistir o jogo, torcer, não anula sua potencial indignação, não. Mas, o local dos indignados em país democrático são as urnas, lá o grito deve ser mais forte.

É pelo dinheiro ou pelo direito?

fistofpowerleftHá muito tempo convivo com os movimentos sociais, tive um panorama mais intimo com ele quando era presidente da Pastoral da Juventude, entidade da igreja católica reconhecidamente ligada aos movimentos, essa convivência entre eu e os movimentos não duraram mais que três meses, eu perguntava e questionava demais, algo que os responsáveis por esses movimentos (e entenda que isso é um generalização) não estão nem um pouquinho acostumados.

Mas o que movimentos sociais e sindicalistas tem em comum, tudo. Cada um deles luta, e quando digo luta, estou sendo literal, por algo que acredita, por algo que quer, não importa muito se isso é bom ou ruim para o movimento, se é bom ou ruim para a população, importa se é bom para eles, e isso é modus operandi. No final das contas, as boas pessoas que participam dos movimentos sociais, a senhora que perdeu sua casa pela especulação imobiliária e hoje invade terrenos junto com o MTST, o senhor que durante toda a sua vida trabalhou na agricultura e de uma hora por outra não teve fôlego para concorrer com os grandes latifúndios, perdeu sua terra e hoje participa do MST e tudo que ele quer é um pedaço de terra para plantar. Essas pessoas existem, essas pessoas engrossam os movimentos e são sua maioria, mas, ao contrário do que preza a democracia, não elegem quem está no comando. Estes apenas pensam eu seus anseios e utilizam boas pessoas como massa de manobra. E aqui vamos colocar a maioria dos presidentes dos sindicatos, sim, me julguem.

Os sindicatos são, ou foram, o maior braço de fiscalização do trabalhador e tem em seu DNA a defesa dos direitos, o afrontamento aos patrões e suas atitudes hostis e seus assédios constantes. Em alguns países diversos sindicatos foram fechados por se corresponder com o crime organizado, no Brasil, um sindicato fazia uma reunião com a presença de representantes do PCC e um deputado. Os sindicatos foram se multiplicando exponencialmente com o passar dos anos e foram ganhando peso e principalmente novas formas se cercear a população daquilo que ela tem direito. Um verdadeiro sequestro aos direitos individuais.

E eu sei que você vai me taxar de coxinha isso ou aquilo, mas vá lá, ainda, e digo ainda pois percorremos caminhos perigosos, de escrever aquilo que bem entender. Os sindicalistas adotaram como tática o sufocamento do estado e a “prisão” da população, diferente de uma democracia de verdade, quem não quer participar da greve é obrigado por força da força. Não importa se você está satisfeito ou não com o seu salário, você terá que parar e pronto. O sindicato mandou, tem que obedecer. Piqueteiros contratados, seguranças-armário garantem que tudo sairá conforme o presidente quer.

Não venham os servis afirmar que tudo é decidido em uma assembleia, não é. O tom que tudo é discutido é que diz o resultado de cada negociação. No meio disso, a população. Não pode usar ônibus porque há um greve decidida meia-noite, os trabalhadores que entendem o contrário, não tem o direito de trabalhar, quando a época é propicia, ainda melhor. Copa do Mundo? O mundo olhando para todos, turistas chegando? Eleições? A vitrine perfeita. A chantagem institucionalizada.

Ontem em São Paulo o ápice, os metroviários não queriam que a população usasse qualquer tipo de transporte, tentaram fechar uma estação que dava acesso à ônibus e trens que nada tinham com a greve, dane-se. Vamos fechar. O povo, aquele gigante que tinha acordado e parece estar sonolento novamente, aos gritos de “queremos trabalhar” furou a barreira imposta e entrou. Alguns taxistas que dia a dia usam suas bandeiras para ganhar o pão de cada dia, entenderam que  dane-se o povo, se quer táxi tem que pagar quanto eu quiser, e uma corrida de pouco mais de 20km em São Paulo custava em média R$ 280. Democracia?

Na Bahia, em Pernambuco os PMs, apesar de vedada por lei, acharam que era uma boa ideia fazer greve, dezenas morreram por falta de policiamento, estupros foram cometidos e um cem número de lojas saqueadas. Na lei o direito de greve e isso todos alardeiam, também está na lei a proibição a greve de agentes da lei, isso é desconsiderado e o rapaz que a incitou, aquele que por conta das greves elegeu-se vereador, é preso, protestos! Democracia?

Quando o poder judiciário julga uma greve ilegal, inconstitucional, ou exige que X% da frota, dos serviços, volte ao serviço principalmente em horários de pico, isso é solenemente ignorado. Nenhum centavo é pago por sindicato algum, a “mulher da cobra da XV” e a justiça dando sua sentença, para essa gente, é a mesma coisa. Democracia?

É evidente e legítimo o sagrado direito de greve, está na lei, é uma conquista e deve ser amplamente respeitada, deve inclusive ser incentivada quando as condições de trabalho não estão de acordo com o previamente combinado, e isso é uma coisa. Outra é fazer da população, da época, da situação, massa de manobra, isso, na minha opinião, é crime.

Acredito que algumas medidas simples, que sim, carecem de lei, diminuiriam esse tipo de atitude, afinal os sindicatos já nos deram um presidente da republica, deputados federais, estaduais e centena de vereadores, mas isso tem que acabar. O que entendo como certo:

  • Líderes sindicais proibidos de participar de eleições durante e pelo prazo de 2 anos após o término de seu mandato
  • Multas impostas pela justiça pagas no momento da sentença, ou paga-se, ou o líder sindical é detido na hora aguardando o fim da greve ou o pagamento da dita multa. Afinal, a justiça é um terreno neutro para resolver toda e qualquer questão.
  • Toda greve que em algum momento for considerada ilegal pela justiça, os seus participantes devem ter seus salários descontados na forma da lei.

Pronto, com essas três medidas as greve seriam todas elas legais. Censura? Não. Lei. Se existe lei é para ser cumprida, ou mudem-se as leis. Mas, não nos enganemos, tudo é questão de dinheiro. Tudo. Quanto mais demissões um setor tiver, menos contribuições ao sindicato haverão. Quanto mais tecnologia tiver, menos funcionários serão necessários, menos contribuição, menos voto, menos poder. Eu sei, tema polêmico, mas vale o debate e a greve, quando justa.

Mais alguém está de saco cheio?

1015677_637847622910085_1539157690_oEstou de saco cheio de ouvir a imprensa falar que é uma minoria, eu já sei que a coisa toda é de uma minoria, não precisa se defender da população.

Estou de saco cheio de ver a polícia vendo os vândalos agirem e nada fazerem

De saco cheio também em ver que a polícia cometeu excessos quando na verdade, assim como nos manifestantes trata-se de uma minoria, dois pesos que neste caso valem duas medidas.

Estou de saco cheio da impunidade do país, e não falo só dos figurões da política, falo de todos nós, veja o caso da “minoria” de São Paulo que quebrou, bateu, ameaçou, fez o diabo, prestou depoimento e foi liberado. Para quê? Cínico, diz que vai pagar, vai porcaria nenhuma.

Estou de saco cheio da população botar tudo na conta da imprensa. Troca de canal cacete! Ou a educação é tão lixo que você não sabe nem fazer isso? Assista a tv educativa, programação de alta qualidade, grátis, simples.

Estou de saco cheio do cara receber repórter da Globo com pedras e o Luciano Huck da mesma Globo com flores e lágrimas porque ia ganhar algo em troca.

Estou de saco cheio dessa lei podre do menor que é praticamente um convite a impunidade.

De saco cheio do congresso dizendo que a cláusula é pétrea, mude a cláusula pétrea, pronto!

De saco cheio de ouvir dizer que os partidos não nos representam, não representam? Não devolve o troco, fura fila, lei do mais esperto, pula catraca… parece que representa sim.

De saco cheio de manifestante dizendo que está na rua pela democracia do país e ainda assim proíbe os caras de partidos de participarem. Particularmente acho todos os partidos um lixo, escrotos e eles deviam ser extintos, mas ou vivemos em uma democracia ou não vivemos, se vivemos os caras tem direito de estar lá.

De saco cheio de gente se dizendo contra a PEC 37 e não ter a menor ideia do é uma PEC, do que ela fala e tão pouco por que é contra.

De saco cheio de gente que vem me falar que o Brasil acordou. Eu nunca estive dormindo, se você estava grita no ouvido dos políticos algo que estou acostumado a gritar durante anos.

De saco cheio de gente que se diz contra a copa e esquece que já foram gastos bilhões do nosso dinheiro e que esperamos ter o mínimo de retorno com turismo, pelo menos o mínimo.

De saco cheio extremamente cheio do cara ir com o rosto escondido em manifestação e gritar que saiu do Facebook, então volte para lá, vandalize sua casa, seu quarto mas não o meu país, eu trabalho quase 60 horas por semana, devo usar umas 20 só para pagar o imposto que será usado para consertar essa porcaria toda.

De saco cheio de político cara de pau que ano pós ano mente na sua cara, ri da sua cara, gasta milhões do seu dinheiro na sua cara e você ainda o chama de doutor.

De saco cheio do cara gritar que o Brasil quer mudar e na hora da urna vota nos mesmos imbecis que ano pós ano nos levam a bancarrota.

De saco cheio do cara dizer que 20 centavos de aumento pesa no bolso do trabalhador mas os mesmos 20 centavos de redução não fazem diferença.

De saco cheio de gente morrendo nos hospitais por falta de vaga em UTI, esperando meses por exames especializados e ver bilhões gastos na Copa do Mundo para inglês ver.

De saco cheio da criminalidade, da impunidade, da violência, da inflação, do preço do pão.

E muito, muito, muito de saco cheio de gente que fala que eu sou contra os protestos, com todo respeito, vá para Puta que o pariu, me conheça, saiba o que eu falo, o que escrevo ano pós ano, post depois de post antes de encher o meu saco! E aproveitando, com todo respeito 2 a missão vá você e sua patrulha ideológica suja ao diabo que te carregue.

Enfim, tô de saco cheio. A gente não sabe protestar, a polícia não sabe acompanhar protesto, os políticos não sabem entender o motivo dos protestos. Vou parar de escrever porque meu computador está lento e estou de saco cheio dele também!

O gigante adormecido vai acordar?

giganteComeçou ontem no Brasil uma semana que pode mudar o modo como agimos diante dos desmandos e da corrupção, ou pode se tornar apenas mais um movimento que cairá no ostracismo do esquecimento. O movimento me lembra um pouco o “Ocupe Wall Street”, lá as pessoas, maioria de jovens, como aqui, protestava contra os altos lucros, a corrupção e o desemprego. Chamou a atenção do mundo. Acamparam em Wall Street e lá ficaram até o movimento ser vencido pelo cansaço e pelo falta de participantes foi dissipado e acabou.

No Brasil depois de um grande período de ostracismo em que só fazíamos manifestações depois de tragédias como mortes e soterramentos a população parece realmente estar indignada e parece realmente procurar mudanças.

A pergunta é: as mudanças se mostrarão nas urnas no próximo ano ou continuaremos eleger os mesmos sempre?

Para algumas coisas sabemos que o Brasil não está acostumado. O Brasil não sabe enfrentar protestos, as pessoas se dividem entre os que aprovam ou os protestos e não o motivo dos protestos. A polícia militar de modo geral ainda enfrenta protestos como se estivéssemos em uma ditadura quando atos  de subversão poderia ser punido. E os próprios manifestantes também não estão muito acostumados ao protesto ao aparecerem no local com o rosto encoberto  e não querendo dividir o caminho para as caminhadas. Ainda há muita coisa a se vencer, principalmente a desinformação, o secretário geral da FIFA por exemplo, diz que o Brasil tem excesso de democracia, ainda não entendi sobre Brasil ele se referia, se for ao meu país não foi.

Algumas práticas permanecem desde os idos tempos da política.

A esquerda diz que os protestos são coisa da direita
A direita diz que são coisa da esquerda
E os protestantes se dizem apartidários.

A mídia continua culpada por não divulgar corretamente os fatos, a Globo continua a vilã favorita.

Outra coisa que deve-se deixar claro é, o que queremos? Pelo que protestamos? Diminuição da passagem? Sim é possível. Fim da corrupção? Sim, é possível mas só na hora do voto, ou se luta pela queda deste ou daquele governante. Saber o que se quer é importante para se saber como conseguir e como terminar. Vi também alguns vídeos comentários, viraram moda, em um deles uma moça bastante articulada no modo de falar, diz que a pessoa deve desligar a tv e vir para a internet porque lá o espaço é democrático. Chama as pessoas que acompanham os jogos de “trouxa” e afirma que alguns tipos de quebradeira são inevitáveis. Hoje, li em um comentário do página do Passe Livre em Curitiba que as pessoas deveriam se preparar para a Guerra. Eu achei que era protesto. São pequenos excessos que somados podem causar mais danos que benefícios, pode fazer com que a população se volte contra algo que nasceu dela própria, e então perca o sentido e apenas impulsione tudo aquilo que se luta contra.

Mas uma coisa mudou. Parece que o Brasil realmente quer se interessar por seus problemas e sair do círculo vicioso em que se encontra. Os protestos  são muito bem vindos para o Brasil. As pessoas devem mesmo, como enjoei de falar aqui, tem que sair as ruas e fazer valer as suas vontades, principalmente na hora do voto. Não, não é uma guerra, é apenas a voz do povo que deve ser respeitada sempre.

Vamos juntos, vamos caminhar, vamos gritar, vamos nos fazer ouvir, um dia a gente muda aqueles que querem nos moldar. Sejamos nós a mudança que buscamos nos protestos.

Sim, já fomos mais inteligentes… sobre vaias, protestos e acordos.

Foto: Agência Estado
Foto: Agência Estado

Uma vez o Brasil vivia a febre da Luíza, aquela que estava no Canadá. Um dos grandes jornalistas brasileiros, Carlos Nascimento, começou o jornal do SBT com o seu agora famoso “nós já fomos mais inteligentes”, hoje vejo que ele tinha total razão.

Hoje aconteceu a abertura da Copa das Confederações em Brasília e o que a gente viu? Protestos, tumultos e vaias, e antes de começar a me criticar por favor não entenda que estou defendendo o governo ou criticando, longe disso, estou apenas criticando a “inteligência” dos protestos.

Pense comigo, primeiro os protestos de fora do estádio, motivo para lá de justo e correto, investir 1bilhão e 300 milhões de reais em um estádio de futebol é um escárnio, é um escândalo e um absurdo, mas pergunto: o estádio começou a ser construído ontem e amanheceu pronto? Onde estava essa gente na hora que o antigo Mané veio abaixo? Onde estavam os protestos quando o valor inicial de 700 milhões foi divulgado? Por que não fizeram o mesmo cordão, o mesmo enfrentamento na tentativa de evitar a construção?

Essa semana apenas que caiu a ficha? Será que se o tal protesto da passagem de São Paulo tivesse ocorrido estes protestos estariam acontecendo hoje? E ainda vale a pergunta: só hoje? Será que se o Brasil tivesse crescido o que fora prometido no passado esse protesto estaria acontecendo? Pense bem, 1 bilhão e 300 em um estádio seguiriam sendo escárnio com o dinheiro. Mas aí tudo bem?

Bom, vamos para dentro do estádio, vaias para a presidente Dilma, ok, vivemos em um país democrático e ela pode ser vaiada, sem problemas, mas por quem ela foi vaiada? Pelas pessoas que só estavam ali, naquele estádio que a Fifa chama de Nacional porque o Lula e a Dilma resolveram gastar 1bilhão e 300 milhões do dinheiro público. Essas pessoas vaiaram a Dilma? Como assim? Elas pagaram os “olhos da cara” em um ingresso para vaiar quem proporcionou que ela estivesse ali? Como assim? Como assim?

E vamos de novo afirmar para que não fique dúvidas, os protestos são justos, os motivos justíssimos, os locais e as datas não. Então, no somatório de tudo passamos a imagem de um país fraco, sim, fraco. Pois em teoria não conseguimos fazer valer nossa vontade.

Você que está vaiando, criticando, protestando, deve lembrar que tudo isso começou lá atrás, com o Lula, a Fifa não veio aqui no Brasil de joelhos pedindo para sediarmos a copa, não. Nós fomos lá e pusemos a nossa candidatura e ao fazer isso aceitamos todos os termos da Fifa.

Ok, você não fez isso, foi o seu representante, você não tem nada a ver com isso, não posso te chamar de menos inteligente por isso, certo? Errado. Quando Lula terminou o seu segundo mandato ele veio para a gente e falou, olha tem essa mulher aqui, ela nunca foi eleita para nada e eu prometo que ela seguirá fazendo tudo que eu fiz e fará ainda melhor, vocês querem?

O que a gente fez? A gente disse sim. Então meus nobres, meus caros leitores, escassos diria. Nós assinamos junto com o governo todos os contratos, todos os aditivos, todas as contas, todas as ordens de desapropriação, nós fizemos isso sozinhos, porque quisemos e sabendo de todos os riscos.

Sim, Carlos Nascimento tinha razão, já fomos mais inteligentes. Protestar contra a Copa e os valores gastos é uma tolice e é o mesmo que protestar contra nossa própria decisão. Deveríamos estar a frente dos ministérios e secretárias de saúde protestando contra a falta de saúde de qualidade na rede pública. Deveríamos estar na frente de escolas, universidades, secretarias e ministério da educação protestando contra a falta de educação de qualidade. Deveríamos por exemplo nos organizar e irmos até a cidade de Juazeiro do Norte onde o prefeito e a câmara municipal de vereadores cospem na cara da sociedade ao diminuir o salário dos professores em 25%. Deveríamos estar protestando por mais segurança e não enfrentando os poucos policiais que nos são oferecidos.

Tudo isso não estava no combinado, não estava no contrato que assinamos ao apertarmos o “confirma”. Tudo isso vem sendo deixado de lado e nos foi prometido a exaustão. A copa não, a copa eles fizeram o que poucas fazem, cumpriram o prometido, construíram estádios absurdamente caros, baixaram as calças para a Fifa e despejaram pessoas em torno dos estádios, mas tudo isso a gente já sabia e concordamos, sim, Carlos Nascimento, nós já fomos mais inteligentes.