O medo

46464791-cachedEra uma vez uma pessoa que tinha medo do desconhecido. Esse medo a deixava ali, parada, sem reflexos.
Era uma vez uma pessoa que tinha medo do que outros poderiam pensar sobre ela. Esse medo a deixava ali, parada, sem reflexos.
Era uma vez uma pessoa que tinha medo de julgamento. Esse medo a deixava ali, parada, sem reflexos.

Um dia esses três medos se encontraram e se vangloriavam de como eram bem sucedidos na missão de deixar seus hospedeiros com medo, o primeiro dizia:

– Meu hospedeiro não conhece locais bonitos pois acha que não será bem aceito ali, que não tem roupas para ir, eu sempre arrumo uma desculpa para que ele dê a si mesmo e aos outros.

O segundo medo não deixou por menos:

– Meu hospedeiro não toma nenhuma decisão sem ter certeza absoluta de que as pessoas vão gostar do que ele está fazendo, já o fiz perder muitas oportunidades.

O terceiro ainda mais entusiasmado afirma:

– Meu hospedeiro poderia ser chamado de xerox, por ter medo do julgamento só usa o que todo mundo usa, só pensa o que todo mundo pensa e só tem as opiniões que todo mundo tem, outro dia quase se revoltou e quis ter uma opinião diferente, ah… cortei as asas rapidamente.

Algum tempo depois, em uma noite como tantas outras noites, a mesma a pessoa sonhou, e no sonho sem nenhum tipo de medo para brecar seus impulsos, desejos e pensamentos, ousou ser feliz por si só pela primeira vez. Hoje, não há nada que a pessoa queira mais no mundo do que sonhar ser feliz novamente, mas infelizmente, tem muito medo de tentar uma vez mais.

Para quem tem medo de se molhar, capa de chuva é souvenir

FearHá muitas pessoas que deixam de fazer coisas em função de algo que é representado na língua portuguesa por apenas quatro letras, duas sílabas, duas vogais e duas consoantes: MEDO.

O medo paralisa pessoas em todo ramo de atividade, em relacionamentos em expressar a opinião. Há pessoas que não saem de casa porque tem medo de serem confrontadas, medo da avaliação alheia, medo do confronto em geral.

Quantas e quantas vezes encontrei pessoas que se perguntavam:

– E se ele não gostar?

Se ele não gostar, não gostou, é um direito que ele tem. As maiores descobertas da humanidade nasceram da desavença, nasceram do contraditório. Os grandes debates nascem a partir deste conceito. Mesmo assim a insegurança vence.

Nas escolas deveríamos ser estimulados a duas coisas: contradizer e aceitar o contraditório. As redes sociais nos dão uma boa mostra de como somos péssimos nisso. Alguém tem uma opinião que você não concorda? Pau nele! Não tem argumento. Não tem base, na minha opinião você falou bobagem então vou escolher as piores palavras do meu “vasto” vocabulário e lhe atacar.

Recentemente gravei um vídeo sobre os chamados “black bloc”, desde então coleciono palavrões que recebo, como não tenho medo de me molhar sorrio todas as vezes, acho graça. Não há argumento contra o que eu disse, não explica por que eu sou um FDP, por que eu sou um capitalista manobrado pelos grandes bancos ou por que eu sou um jornalista de merda. Simples agressões.

O anonimato da internet faz com que muitas das coisas que lemos e ouvimos sejam ditas sem censura, o que seria bom se tivessem qualquer tipo de conteúdo, mas não tem. A internet é um território livre, e na minha opinião, tem 90% do seu território conquistado por idiotas. 🙂

Como eu disse, se tem medo da chuva nem a capa te salva.