O Início da Guerra Contra a Lua – Parte 2

2789 será lembrado pela história interplanetária por muita coisa, mas não pela escassez de acontecimentos, havia guerras em todos os cantos, era raça querendo dizimar raça, outros querendo se aprimorar e por aí vai, mas do lado terráqueo algo incomodava mais: a sucessão de acontecimentos. A guerra travada contra Marte havia levado milhões de vidas embora, vidas úteis para um planeta em busca de gente, de mão de obra, mas também consumira recursos financeiros e naturais.

Ok, agora a Terra voltava a ser dona de Marte, mas fazer o que com aquilo. Parecia uma vitória meio sem sentido, eram só mais gastos pela frente. Logo haveria mais revolta, afinal, para garantir que nada daquilo voltasse acontecer, ninguém admitia publicamente, mas o plano era deixar o planeta morrer sozinho e com ele, seus moradores.

Lenan Stuart era o chamado “novo marciano”, nascera na Terra mas com apenas dois anos fora descolocado junto com seus pais e sua irmã Diana para o promissor planeta. Há 93 anos os governos enxergavam Marte como um oasis, um posto de recebimento de mercadorias de vários pontos do Universo, já pensavam em como cobrar por passagem, abastecimento, impostos, só esqueceram, como dizia o antigo povo Pruro, de combinar com os russos.

Absolutamente ninguém parava ali e manter aquela estrutura começou a custar muito caro. Ok, graças as novas tecnologias, apenas 24horas de viagem seriam suficientes para ir de um ponto a outro, mas energia plutônica não se encontrava em qualquer esquina, era literalmente necessário trazer de Plutão.

Nesse contexto Lenan foi criado em um mundo de mágoas. Seus habitantes se queixavam que tinham vindo para o planeta vermelho em busca do sonho de enriquecimento, de uma vida tranquila, mas agora, tudo o que encontram era abandono e humilhação. Ora a comida que não chegava, ora peças para o conserto do gerador, ou ainda os intermináveis discursos daqueles humanos poderosos sobre como “o povo de Marte era importante para a causa”.

Lenan era daqueles seres que nascem diferentes, parecem que já viveram umas mil vidas tamanha a facilidade para aprender. Com o passar dos anos, Lenan se tornou um jovem marciano brilhante, com uma mente afiada e uma habilidade incrível para solucionar problemas complexos. Ele passou a dedicar todo o seu tempo livre a estudar e pesquisar formas de melhorar a vida no planeta, e acabou se tornando um líder entre os marcianos.

Certa vez, durante uma reunião com os líderes terráqueos, Lenan apresentou uma proposta ousada: em vez de abandonar Marte, por que não investir em tecnologias e infraestrutura para transformá-lo em um planeta habitável e próspero? A ideia foi recebida com ceticismo, mas Lenan não desistiu.

Ele passou anos trabalhando em sua visão, e finalmente, com a ajuda de outros marcianos e alguns aliados terráqueos, conseguiu colocá-la em prática. Investimentos em energia solar e eólica, construção de estações de cultivo hidropônico, e avanços em tecnologia de purificação de ar e água transformaram Marte em um lugar viável para a vida humana.

E se eu tenho um lugar viável para viver, quem precisa do seus antigos “patrões”, então, em 2765, o comunicado mensal do Presidente da Nova Terra, General August Jimmé simplesmente foi ignorado. Nenhum único aparelho captou o sinal. Marte não precisava mais da Terra… isso não ficaria assim. Lenan sabia que aquele único ato de rebeldia seria extremamente mal visto por Jimmé, só não esperava o que viria a seguir: guerra.

Em um dia como qualquer outro, no ano de 2766, o sol brilhava como sempre, as pessoas conversavam como sempre e então se ouviu o estampido que não poderia ser esquecido. A guerra não declarada havia começado. Os planos eram claros. A retomada do poder em Marte, a destituição de Lenan e sua prisão, além do sequestro de toda tecnologia marciana. Ela voltaria a ser o que sempre fora: um local isolado pertencente aos humanos, nada além disso.

Continua…

O Início da Guerra Contra a Lua – Parte 1

O museu do amanhã

Fazia frio na Ilha de Manhattan. Era uma manhã qualquer do inverno em uma área abandonada desde a grande bomba. Não havia qualquer indício de vida, mas todos sabiam que o simples fato de estar ali era motivo de prisão sem direito a fiança.

Jane adorava aquele local, lembrava de um tempo em que a cidade era viva, que havia esperança até o dia que a bomba caiu e destruiu tudo. O engraçado é que o “destruiu” tudo é metafórico, a única coisa de fato destruída era a unidade de enriquecimento de urânio escondida, sob o olhar de todos no centro de NY.

Alguém errou alguma coisa, Jane tinha certeza disso, mas o governo afirmava que era uma agressão Russa. Nunca se saberia a verdade, mas a guerra era inevitável, aconteceu, destruiu todo o pais, menos a Ilha de Manhattan, que apesar de estar com os prédios intactos, não poderia ser habitada, afinal a radiação era muito grande.

Há 42 anos a grande bomba tinha caído, Jane, agora com exatos 42 anos pensou que não havia muito a perder estando ali. A vida era péssima, a mãe havia morrido durante seu parto, Jane era orfã, e ser orfã em condições normais já era difícil, naquela, era uma provação. Em dia de março, Jane perambulava pelas ruas, sem rumo, como todos os dias, aliás, e viu atrás de uma grande mata um cano, entrou, não tinha o que perder.

Na outra ponta, uma cerca arrombada denunciando a presença de outras pessoas e uma cidade inteira, sem marcas de explosão, sem corpos pelo chão, apenas “deixados”, prédios, apartamentos, casas, tudo intacto, era um verdadeiro parque de diversões para Jane. Ela sabia, havia radiação ali, se alguém a visse no local, ela seria banida para sempre.

No começo, apenas curiosidade. Encontrou uma Wallgreens com produtos, vencidos, mas que ela nunca tinha visto antes. Comeu, não passou mal. Talvez uma dor de barriga, mas nada além, aquilo trouxe confiança. Iguais aquele local, uma infinidade, de outras marcas também. Se perguntava quanto tempo mais iria ficar viva, afinal, todos sabiam, pisou em Manhattan, morto está.

Um ano se passou e Jane começou a pensar que talvez não morresse, que talvez o governo estivesse mentindo sobre o local. Não sabia, mas tudo aquilo era bom demais para ser só dela. Mas era. Seu local preferido era a biblioteca, lá havia histórias e conhecimento ilimitado ela aprendia e se perguntava: por quê?

Um dia, olhando nas gavetas abandonadas, encontrou um diário, nem conhecia o termo, mas sabia que ali estava um relato do dia a dia. A vida de uma pessoa que vivia aquela época, lia aquelas páginas com afínco, desde que encontrara seu paraíso sua leitura havia melhorado e muito, então, conseguia ler perto de um livro por semana, sem dificuldade, rápido, de repente a velocidade diminuiu e ela ficou presa em uma frase:

“Human Off Project”

Continua…

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 6

Já não havia como declarar Julius uma pessoa fugitiva, oficialmente ainda era, mas o apoio popular era gigantesco e dificultava qualquer tipo de retaliação. A população, ainda que nunca tivesse visto uma só foto de Julius, o amava. Graças a ele, a maioria dos seres humanos contava com algum serviço das empresas de Julius e por eles pagavam preços modestos, quando pagavam.

Stranger ganhava prêmios, Nobel na Noruega e era “terrorista” na China e na Coreia do Norte, era fugitivo nos Estados Unidos.

Já tinha 10 anos desde a reunião da OTAN, e as autoridades se acostumaram com a “ameaça” Julius, contrariando os principais medo das nações não houve nesse período, nenhum ato hostil, de fato, o estranho parecia genuinamente só querer o bem de todos.

Mas se há uma verdade universal de todos os tempos é que a mudança sempre se impõe e a falta dela incomoda.

O inverno estava rigoroso, o frio tomava conta, mas ninguém morria de frio ou fome. A verdade é que, no novo mundo formado por Julius, somente não tinha casa ou apartamento e/ou um emprego quem não queria. Havia em abundância, para todos, e isso, acredite, tornou-se um problema.

Um sentimento de calma, acomodação se instalou na sociedade, tudo era tão barato e de tão boa qualidade que as pessoas simplesmente desistiram. Não buscavam novas descobertas, não tinham ambição de novos cargos ou conhecimento.

Julius previu esse cenário e tentava mudá-lo, mas sem sucesso.

A população parecia não “gostar” da harmonia em que estava inserida, começaram a se fechar em mundos vazios e solitários, o resultado foi o esperado:
o número de suicídios disparou, a maioria das igrejas fechou suas portas, já não fazia muita diferença se você era Cristão, Judeu ou Muçulmano, pouquíssimas pessoas buscavam Deus.

As escolas estavam vazias, não havia nem professores, nem alunos.

Em todo mundo, começaram a surgir regimes totalitários, mas de um modo diferente, como não havia protestos, os ditadores se impunham sem armas, simplesmente ninguém se importava, os usurpadores de cargo se apoiavam em poucas pessoas extremistas que queriam acabar com aquele estados das coisas.

Esses cenários também foram antecipados por Strange que se viu em uma sinuca de bico.

Se por um lado, conseguiu entregar a população um mundo muito melhor, o povo, essa entidade sem gênero, não sabia conviver com isso. Os poucos palcos religiosos que restavam acusavam Strange de manter um pacto com o demônio, instigavam seus fiéis a se abster dos produtos ou das facilidades entregues por Julius, algo quase impossível. Parecia que uma nova cruzada.

Não demorou, Julius entrou em uma depressão profunda.

Assim como a maioria das pessoas, não tinha mais ambições, era vítima da própria criação.
Não se manteve atento, ficava dias embebido nas lembranças de Karen amando e odiando aquele momento, repassava cada momento, cada olhar, cada toque, e como se quisesse finalmente ser pego, Julius cometeu uma série de erros, e então, numa tarde nublada de outubro, foi, finalmente surpreendido por uma força de governo.

Era domingo, estava no Texas nos Estados Unidos, em um rancho simples, fora finalmente preso.

Teria muito o que explicar. Não sairia dessa tão facilmente, ele sabia, porém, não se importava, estava farto. Era o fim…

Continua.

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 5

Já havia se passado 5 anos desde aquele depoimento, Julius já não era uma pessoa “encontrável”. Governos de todo o mundo já o tinham no radar, mas, como um passe de mágica ele sumira. Era como se estivesse sempre um passo a frente dos demais. Algumas vezes “quase” o pegavam, porém, o “quase” se perpetuava.

Suas contas bancárias eram esvaziadas dias antes de serem bloqueadas por governo, suas posses eram abandonadas pouco antes da chegada das autoridades.

Não havia como “pegar” Julius.

Seus pais garantiam manter contato com o filho que garantia não fazer nada de errado, portanto, não havia razão para se submeter novamente a qualquer depoimento.

Já era quase dezembro, pouco antes do dia de Ação de Graças, os agentes do governo faziam campana 24×7 na casa dos Stranger, os telefones, emails, chamadas, tudo era monitorado com a mais alta tecnologia disponível, mas Julius não aparecia. Era um fantasma. Aquilo não poderia continuar daquela maneira, e, pela primeira vez na história da OTAN, houve uma reunião fechada entre os líderes das maiores nações do mundo, não havia intérpretes, a tecnologia dava conta.

O tema era apenas um: Julius Stranger. Ele afetava a vida de todos os países envolvidos, comandava a riqueza quase total de alguns países. Comandava a tecnologia, os instrumentos de defesa, era dono de indústrias bélicas e farmacêuticas, a bem da verdade, com apenas uma simples vontade de Julius, nações inteiras entrariam em colapso. Naquela sala, as maiores nações do mundo eram reféns da boa vontade de apenas um homem.

Após intensas deliberações, chegou-se a conclusão que o perigo real era Julius, ainda que não fosse eleito, contava com a admiração popular já que suas empresas ofereciam os melhores serviços por preços irrisórios. Defendia publicamente, ainda que sua própria imagem não fosse conhecida, questões ambientais, distribuição de riqueza e outros temas pouco populares entre políticos.

Diziam que ele tinha pacto com o demônio, outros afirmavam se tratar de um ET, falavam sobre influência externa, não importava o país, a forma ou ainda a ideologia, todos afirmavam que Julius era um perigo e precisava ser detido. Virou o inimigo público número 1. Precisava ser parado, agora.

Como primeiro ato, declararam-no fugitivo da justiça, para a pouca imprensa que ainda não estava nas mãos de Julius iriam declarar que Julius estava envolvido com grupos terroristas visando destruir o modo de vida da nação, não importava qual seria. Era um extremista a partir daquele momento. Também acordaram que fariam uma série de atentados terroristas e os atribuiriam a Julius em busca de apoio popular, por fim, iriam prender os pais fazendo com que Julius aparecesse, aquele casal era a única coisa com a qual aquele desconhecido tido como gênio se importava.

Nos meses seguintes, todos os planos dos governos falharam, um a um, parecia um jogo de xadrez que não poderiam vencer, Julius parecia uma espécie de Deus que conhecia tudo, antecipava tudo, tinha respostas para perguntas que ainda nem haviam sido feitas.

Como combater um deus que não aparecia, que não mostrava o rosto, que não buscava reconhecimento, simplesmente Julius era um perigo por não ter um objetivo único. Não formava amigos, mas, a exceção dos líderes, também não fazia inimigos.

A partir das empresas de Julius, a conexão com o mundo virtual alcançou 100% dos interessados a partir de aparelhos doados e mensalidades que giravam entre 1 e 10 dólares. Havia a construção de casas com infraestrutura dos bairros mais abastados com preços abaixo dos menores apartamentos e parcelamentos que impossibilitava até mesmo a inadimplência. As mais de 100 companhias aéreas de Julius ofereciam a tecnologia do voo supersônico a partir de combustíveis movido a luz do sol e hidrogênio. Os voos eram baratos, estavam sempre lotados e a difusão das pessoas entre diferentes culturas ajudou na tolerância.

O meio ambiente se recuperava, a xenofobia praticamente não existia mais, o racismo se tornou uma palavra arcaica que, às vezes, precisava de dicionário para ser entendida, o mundo nunca estivera melhor, as pessoas nunca viveram tanto e com tanta qualidade e, ainda assim, jamais esteve tão perto do seu fim, já se passara 10 anos do “reinado” de Julius.

Julius, precisava ser detido, mas como?

Continua…

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4

O início da guerra contra a lua

O ano não poderia ser pior, 2789, o planeta Terra acabava de ser atacada por Marte e sua colônia de humanos independentes. Havia resquícios de energia nuclear carbon 72 por todo lado. Graças aos cientistas da Nova Terra, os efeitos não passavam de simples dores de cabeça, ainda assim, incomodavam, e muito.

Com sua base na lua desde 2098, o ser humano transportou para lá um velho hábito: o da conquista.

Países independentes iam, se instalavam e depois, ansiavam por mais território, deve ser algum defeito no DNA humano, especulam cientistas, afinal, cada palmo da lua é exatamente igual ao anterior, ainda assim, havia guerras para conquistas de territórios.

Em 2356, tivemos um versão aprimorada do império romano dos tempos medievais, como são chamados os séculos anteriores ao 22, o povo PruRo, uma mistura de russos originais com alguns dissidentes europeus, havia conquistado toda a lua, todos os demais povos, incluindo o extinto povo (na lua) dos Estados Unidos.

Segundo as contas dos ministros terráqueos, não valeria a pena manter uma base na lua apenas pelo nome, a era da vaidade havia dado espaço para a era da razão.

Desde então, o povo Pruro começou um ambicioso projeto de oxigenação do satélite, o projeto, claro, era complexo. Havia a necessidade de 3 camadas de proteção multilaser para evitar as chuvas de meteoros e também de lixo estelar, cada vez mais comuns, as camadas teriam que ter a possibilidade de abertura e fechamento instantâneo para a saída e entrada de naves. Além disso, uma grande redoma de vidro seria colocada trazendo enfim um ambiente oxigenável para o satélite, a partir daí, permitir sua agricultura e auto-suficiência.

Tudo ocorria sem maiores intercorrências não fosse por um fato absolutamente simples: sementes.

Não havia sementes na lua, agora chamada de Planeta Independente PruRo. Uma comissão diplomática foi enviada ao planeta mãe para negociar a compra das sementes junto as autoridades, mas não obteve sucesso. Uma coisa era tomar para si um satélite sem expressão ou função, outra era querer transformá-lo em um planeta. Além disso, já havia diferenças visíveis nas marés ocasionadas pelo “fechamento” da lua.

Definitivamente não haveria negociação.

Sem saída, ao povo PruRo restavam duas opções:
– comprar o alimento necessário diretamente de outros planetas ou;
– atacar, roubar o planeta mãe em busca de sementes.

Continua…

Uma conta alta demais para o futuro

Desde que eu me lembro, sempre tive como meta o jornalismo. Sempre brinquei de jornalismo, fazia jornais com a mão, até que aos poucos fui publicando meus próprios jornais “de verdade” e fiz disso uma profissão. Lembro também do primeiro processo, esse a gente nunca esquece, e um me desculpem os novatos, mas jornalista de verdade tem que incomodar os poderosos a ponto deles tentarem te calar pelo dinheiro, aqui representado pelos processos.

Hoje, estou mais longe desse mundo, cuido de comunicação mas não de jornalismo, porém, ele ainda me é caro. Acompanho curioso cada movimento que esse xadrez complicado do poder dá, acompanho ainda mais de perto, por força do ofício, a tecnologia e posso afirmar para vocês, claro, dentro da ignorância de hoje, que é menor do que a de ontem e muito maior que a de amanhã:

Estamos fazendo uma conta alta demais para o futuro.

Vou explicar, calma.  No comércio, algo muito comum quando se desconfia que alguém está roubando é: deixe mais coisas à vista para serem roubadas, acompanhe, flagre, demita e ponto final, ou seja, cada vez dê mais corda para que se enforquem sozinhos.

O que estamos hoje? Temos muita corda. Caíram do céu?
Não.

Tudo que está a nossa volta tem motivos específicos, atendem a propósitos muitas vezes não republicanos, não passamos de peões em um intrínseco jogo que de fato, não jogamos. Com a tecnologia nos foi ofertada a “liberdade”. Não precisamos mais destes “abutres” da imprensa para nos dizer o que está acontecendo no mundo, basta eu me conectar ao Facebook. Nada mais será como antes, agora nós, o povo, temos poder.

É verdade. Agora, troque a palavra poder pela palavra corda.

Ganhamos muita corda e ninguém está reclamando. Junto com a corda veio também um presentinho que faz toda a diferença, e esse é dificil de explicar, assim como tudo que não querem que a gente entenda. Chama-se algoritmo.

É basicamente o seguinte:
Junte um povo que lê muito pouco (o povo do mundo inteiro), dê a ele algo muito legal, que faça você encontrar os amigos, distribua fartamente a noção de que toda a imprensa atende aos propósitos dos poderosos e não aos seus, unam-se em comunidades para protestar contra isso e acrescente o ingrediente final: o algoritmo.

O algoritmo  pode ser milhares de coisas, mas neste caso é uma programação usada em 9 a cada 10 redes sociais que faz o seguinte: mostra pra você aquilo que potencialmente você quer ver. Por exemplo, você gosta de futebol, na sua timeline irá surgir muito futebol, e quanto mais você interagir com o algoritmo “futebol” mais futebol irá aparecer, é simples, é genial.

Agora, troque “futebol” por, sei lá, PT, PSDB, Dilma, Bolsonaro, ou qualquer outro assunto polêmico. Adivinha o que irá aparecer na sua rede? Sim, aquilo que você mais gosta e interage. Vamos ao exemplo mais recente. Eleições 2014. Quantas vezes você ouviu ou leu:

– Não conheço ninguém que disse que iria votar na Dilma, como ela pode ganhar?

Agora você já sabe o motivo, nosso “amigo” algoritmo fez o trabalho de “esconder” os eleitores da Dilma de você, então, só apareceram os pimpolhos que votavam no Aécio.

Mas se assim fosse, apenas opiniões, ok, quem daria bola? Mas, amigos, temos as queridas Fake News. Sim, elas, as famigeradas notícias falsas. Elas já são mais de 50% dos links de opinião compartilhados. Fake News é antigo, usado desde sempre, mas nunca teve tanta penetração graças ao que hoje chamamos de algoritmo.

O algoritmo, aliado a fake news representa hoje, na opinião deste humilde escriba, a maior ameaça a liberdade de imprensa, liberdade de expressão e jornalismo livre que o mundo já viveu. Está cada vez mais fácil condenar a fake news e a partir daí arrumar desculpas para termos a imprensa oficial (alguém falou 1984 e o ministério da verdade?). Pensa comigo, se estamos vivendo em um mundo onde não sabemos mais o que é verdade e o que não é, que tal termos um departamento público dizendo para você em quem ou em o quê acreditar? É lógico, é seguro, e claro, os governos garantem que não irão censurar nenhum tipo de informação. O que lhe parece?

Qual é a solução? A curto prazo? Nenhuma. Isso também torna a solução de longo prazo impossível. O ser humano se adapta muito rapidamente as situações, e rapidamente vamos nos acostumar ao fim da privacidade em nome da nossa segurança. Emails hackeados pelo governo? Claro, vá em frente. Ligações monitoradas, certo, peguem os caras maus. Imprensa censurada, go! Tudo em nome da “verdade”.

Nós somos assim.

Se já não fosse ameaça suficiente temos o inimigo de sempre: o dinheiro. Sim, o dinheiro compra tudo, incluindo o veículo que ousar ir contra o status quo, incluindo o blog que publique algo “impublicável”. Mas não pense que funciona como uma transação comercial normal, não. Eles são sórdidos e agem nas sombras, ao menos até a velha e tradicional imprensa descobrir o que há de verdade no caso.

Não esqueçam, todos sempre negam em um primeiro momento até que os fatos concordam por eles. Foi assim com Nichoson e o famoso Watergate, foi assim com Collor e a Elba e mais uma centena de exemplos em que a imprensa, ninguém mais senão a imprensa livre descobriu e noticiou.

Vejamos a terra da liberdade. Um blog de reputação bastante questionável publicou um vídeo de um famoso lutador de vale tudo, aqueles vídeos, íntimos, pelados, sexo, enfim, você já entendeu. O que aconteceu, o cara processou a publicação e ganhou 200 milhões de dólares.
Ah, Ediney, você está defendendo que os jornalistas não responsabilizados por seus atos? Não, não é isso, inclusive chamei a publicação de questionável.

Mas vamos aos fatos jornalisticamente falando:
Era verdade? Sim.
Tinha interesse público envolvido? Se fosse apenas o vídeo de sexo, não. Mas o vídeo continha o que de verdade pensava aquele lutador, eram coisas racistas, misóginas e homofóbicas. Além disso, ele era embaixador da boa vontade, ou seja, a opinião dele contava e muito.

Mas, e sempre tem o “mas”, a história não acaba  aqui. Descobriu-se que na verdade, quem bancou todo o processo do lutador que enfrentava problemas financeiros era um milionário da internet, que usou o processo de terceiros para se vingar de uma nota que a publicação dera anos luz no passado sobre ele.

Não se enganem, é tudo sobre o dinheiro.

Eu até terminaria esse texto com conselhos sobre ler a matéria, conferir a fonte, ver a credibilidade do jornalista e investigar, mas definitivamente, quem precisa destes conselhos não chegará até este parágrafo, afinal, como eu disse no começo deste artigo, as pessoas não leem e o algoritmo não deixará que isso se espalhe. Prepare seus filhos, eles pagarão essa conta no futuro, bem próximo.

Como será o mundo em 2500

future-holidays-image-2-704238141Ao contrário do que muitos pensam o mundo no futuro será muito melhor que o vivemos agora, mas até chegar lá teremos inúmeros problemas, passaremos por muitas coisas. Elucubrei este mundo e o apresento, agora, para vocês.

A partir de 2100 o mundo passará por uma fase de extremo extermínio. A superpopulação, as guerras, o fanatismo religioso chegarão ao seu ápice por volta deste ano. A fome tomará conta e as leis já não serão necessárias visto que as necessidades cegarão as pessoas. O pior dos mundos se apresentará. Guerras, principalmente químicas matarão metade da população da terra fazendo com que ela volte a níveis aceitáveis. A partir daí, já teremos tecnologia suficiente para conter pequenas ameaças. As religiões serão banidas dos governos e todo o mundo será gerido por um único governo representado por um conselho.

Em 2200 o mundo já estará habituado com sua nova condição agnóstica, haverá, claro alguns grupos que resistirão ao final das religiões, mas alguns focos que se apresentarem serão rapidamente debelados. Com o fim das religiões a ciência crescerá rapidamente, é verdade que nem todas as iniciativas serão, o que chamamos hoje de éticas, mas trarão significativos ganhos a longevidade e a qualidade de vida das pessoas. A tecnologia também terá um grande acréscimo de ganhos.

A partir de 2300 os carros serão totalmente banidos da sociedade, o transporte público será de qualidade e o emprego, graças a evolução da educação, cada vez mais segmentado e eficiente. A matriz energética será baseada em pequenas explosões nucleares que farão a geração de energia limpa.

Em 2500 esse crescimento da sociedade chegará ao seu ápice. Com exceção de cientistas e artistas ninguém irá efetivamente trabalhar. A tecnologia alcançará tal ponto que as máquinas farão todo o trabalho, incluindo sua própria manutenção. O campo irá gerar alimentos de qualidade para uma população que gera pouquíssimos filhos, o que será o grande problema da época e as indústrias igualmente totalmente mecanizadas contribuirão para a manutenção da sociedade. Não teremos mais separação por bens materiais, já que não trabalhamos e portanto não ganhamos dinheiro, seremos todos igualmente ricos ou pobres, tanto faz, tais adjetivos não existirão mais. Moraremos em casas confortáveis e com tudo que precisamos. Viveremos uma vida de estudo, de reflexão, alguns hoje pensam que “faremos nada”, mas ainda não entendemos o ganho em se “fazer nada”.

Cientistas e artistas serão os grandes astros sempre procurando maneiras diferentes de entreter e melhorar ainda mais a vida. O crime será praticamente zero pois, estaremos vivendo em um BigBrother, nada passará batido por câmeras de segurança. Os julgamentos serão rápidos e precisos. Os esportes também existirão e continuarão separando preferências, mas ganhará quem tiver o maior talento e não a maior verba para a montagem ou preparação, pois, como falei, as condições de todos serão as mesmas.

Não haverá doença sem cura, mas as pessoas continuarão morrendo se assim quiserem, a longevidade das pessoas alcançará os 200 anos, mas algumas pessoas, ainda crentes em “algo maior” não irão se submeter a órgãos criados pelo homem. Os amores e casamentos seguirão existindo e também se tornarão raros, já que a sociedade será excessivamente livre.

Viver em sociedade assim pode parecer um sonho ou um pesadelo, depende da realidade atual de cada um. Mas não se preocupem, não chegaremos lá para vermos isso.

As desculpas da vida

Sabe aquele momento, aquele que de uma hora para outra tudo muda? Quando o cenário não lhe parece mais familiar? Quando você encontra aquela pessoa que apesar de amigo, você considerava como irmão, mas de repente, e não mais que de repente não há o que ser dito?

Então, esse é o tema desse texto. Ele intitula-se “desculpas da vida” derivado de uma conversa que tive com a amiga Daniela Coelho que lamentava que as tais “desculpas da vida” a separaram de pessoas que ele sempre quis próxima.
Assim, hoje não tenho tempo, amanhã vou casar, depois tenho jantar com a mãe, no outro dia preciso dormir. Outrora você não tinha tempo junto, você seria o padrinho do casamento, jantava junto com a mãe e ficava ali sem ter o que fazer, junto, simples assim.

Mas as desculpas da vida não te separam só das pessoas, te separam dos objetivos. Dos quilos que você queria perder, do curso que você iria começar, da vida que você sempre quis ter, e ainda não tem.

No passar dos dias, por mais força que se faça, as oportunidades, chances, vão lhe escapando pelos dedos e ainda pior, você tem que fazer escolhas, e claro, nem sempre gosta do resultado.

Quando você casa, ou começa um namoro, no mundo ideal, você segue tendo discussões intermináveis e entusiasmadas com seu amigo, ainda procura o melhor curso de pós e por que não, pedirá a conta do seu trabalho ao menor atrito com aquele arrogante do seu chefe.

Mas no fim, nem sempre você casa ou começa o namoro, tem uma desculpa para isso, se casa ou namora nem sempre consegue manter as suas amizades e os prazeres que ela lhe proporcionava, sim, há uma desculpa para isso. Aquele curso pode esperar um pouco mais, afinal o ano esta acabando, você está sem dinheiro, o trabalho está lhe tomando todo o tempo, enfim você tem uma desculpa para isso também. Pedir a conta do seu emprego para se livrar do sacana do chefe, assim, como um passe de mágica, deixa de ser uma opção, você já deu uma olhadinha no mercado de trabalho?

As desculpas da vida, é aquela coisa que você sempre critica nas pessoas que te rodeiam, mas que via de regra exercitamos diariamente. São as desculpas da vida que fazem com que em um dia ensolarado no futuro você olhe no espelho e diga:

– Muito prazer, meu nome é …