É chato, mas fazer o quê?

Dizem que os tempos modernos exigem mais do intelecto das pessoas, cada vez mais trabalhamos com a mente e menos com os braços. Dentro deste contexto, estar antenado com o que acontece no dia a dia torna-se tão primordial quanto o café da manhã ou o almoço. Mas qual é o limite?

Eu, por exemplo, diariamente ouço 9 horas de rádio de notícias enquanto trabalho, leio um jornal impresso, visito 6 sites de notícias, devo ler umas 20 matérias, leio duas revistas semanais e no mínimo um livro por mês, você acha isso muito ou pouco? Para muitos é exagero, para outros é muito pouco, conheço pessoas que consomem pelo menos o dobro disso, e aí a pergunta continua, qual é o limite?

Quando se habitua a ler e ouvir notícias, as coisas acabam se repetindo e você acaba sendo um vidente da opinião alheia. Sei antecipar tranquilamente qual é a opinião de Airton Cordeiro, Alvaro Borba, Fábio Campana e tantos outros. As notícias se repetem e apesar disso lembro nitidamente do dia que o avião da TAM caiu (ou não parou) em Congonhas.

Eu estava online até às 18h10, estava acompanhando sites de notícias até às 18h10. Fechei o computador e a redação, fui até o meu carro e me encaminhei para casa. Enfrentando o trânsito, fiz a música do cd de companhia, afinal, ninguém é de ferro. Cheguei em casa às 18h45, comi alguma coisa e sentei “a la” Homer Simpson na frente da tv para acompanhar uma besteira qualquer, quando o telefone toca me perguntando o que eu tinha achado do avião que caiu em Congonhas, seria culpa do caos aéreo? E a minha pergunta foi: “que avião?” E a resposta: “credo, está desinformado para um jornalista né?”

Foram menos de 40 minutos “desligado” e eu perdi algo tão importante que até hoje lembro e me motivei a escrever para vocês. Não consigo mais ouvir coisas sobre o Demóstenes, o estádio com dinheiro público, A Fazenda ou o Carrossel, é chato, mas fazer o quê? Ou se sabe, ou se faz papel de desinformado. Amaldiçoo até hoje aquele cd de músicas.

Com o tempo você acaba convivendo com a repetição esperando a novidade. Agora mesmo, pensei seriamente em desligar a CBN para ouvir qualquer coisa que poluísse meu cérebro com algo em que ele não fosse necessário, mas a culpa não me deixou fazê-lo.

Já diria o Leão da Montanha: “ó vida, ó céus!”

EM TEMPO: “Segundo o amigo jornalista Tramujas Junior, a frase se refere a  dupla Lipe e Hardy, “Leão da Montanha” dizia “Saída pela direita”. 

Esclarecimentos são necessários, ou melhor, primordiais

Outro dia, escrevi em meu Twitter que juízes deveriam, tal quais técnicos de futebol, a dar entrevistas coletivas explicando suas decisões. Já me cansei de ter que em uma edição de jornal contar que fulano fez isso e aquilo e no dia seguinte noticiar que a justiça mandou liberar o cidadão porque não havia provas disso, eu menti? A polícia mentiu? As testemunhas mentiram?

Vejamos o caso do “Habibinho” aquele que a imprensa fala o nome (que nesse caso não tem a menor importância) aliado com o adjetivo “filho de um diretor da Assembléia”. Ele foi preso em flagrante por se envolver em um acidente que resultou na morte de quatro pessoas, ter se negado a fazer o exame de bafômetro e segundo a polícia estar visivelmente com sinais de embriaguez.

Quatro dias depois a polícia mandou soltá-lo, ué a autoridade policial mentiu? Em seu despacho o juiz disse que as testemunhas tinham opiniões dissonantes (ou seja, diferentes) que os tais sinais de embriaguez poderiam ter sido causados pelo air bag de seu Pajero que protege a vida mas causa deformidades no rosto, e que o empresário não fugiu do local, por tanto, presume-se que tudo não passou de um terrível acidente.

Não estou aqui contestando a culpa ou não do rapaz, acidentes acontecem e poderia ter sido com qualquer um de nós, agora… temos um policial, temos testemunhas e nada disso valeu nada? Tudo o que foi noticiado não passou de um grande mal entendido?

juízes deveriam sim dar esclarecimentos a sociedade sob seus atos, porque em situações como esta alguém vai sair com a reputação manchada: ou a imprensa por noticiar e propagar inverdades ou o poder judiciário por liberar pessoas de culpa baseados em presunção pessoal.

Nas duas situações, a sociedade é a grande derrotada!