Blog do Ediney

Quando a incompetência mata…

Muitos dos que me conhecem me consideram inocente demais para discutir política. Sempre parto do pressuposto que todos são bons, quando descubro que a verdade é diferente me coloco em uma posição de extrema crítica, é o que acontece com o grupo do atual governador Beto Richa do qual faz parte o prefeito Luciano Ducci.

Esperei cerca de 24 horas para escrever este texto para tentar ser o mais sereno possível, mas o título deste humilde relato diz tudo, sim, a incompetência mata! Desfilando nos jornais, rádios e tvs estão diariamente o atestado inconteste do assombroso crescimento da violência nas terras das araucárias. Em Curitiba, por exemplo, mata-se muito mais que em países como o Paquistão, Rio de Janeiro ou São Paulo.

Ontem, no bairro de Capão Raso em Curitiba um metalúrgico de 34 anos morreu assassinado por um menor na frente da mulher, da filha e de sua mãe, o rapaz queria o carro, assustado com a juventude do assaltante e imbuído de um sentimento que deveria misturar indignação, frustração, raiva, de ver o seu patrimônio construindo sob o sol do dia a dia sendo levado, ele fez o pior, reagiu, levou quatro tiros e morreu.

Mas pergunta o curioso leitor, o que tem o poder público com isso? Afinal, ele não pode prever todo o crime que acontecerá. Será mesmo? Pergunte-se leitor:

– o poder público deu todas as condições para o que jovem assassino tivesse outra escolha de vida que não a marginalidade? Ele teve acesso a educação de qualidade, moradia digna ou até mesmo assistência clinica e psicológica quando se envolveu no mundo das drogas?

– o trabalhador que morreu teria tido outras alternativas que não deixar a sua filha com a avó para que ele e a mulher pudessem ir trabalhar. Se as creches de Curitiba estivessem com vagas a disposição, essa alternativa não teria sido bem melhor? Afinal, ao menos teoricamente, ele iria parar seu carro em frente a uma creche segura, com um guarda municipal na porta cuidando de pais e alunos.

– se o transporte público de Curitiba fosse realmente tão bom, não seria melhor ele ter ido trabalhar de carro evitando assim que ficasse exposto aos perigos da sociedade.

– os impostos que ele pagou durante toda a vida não foram suficiente para dar uma melhor condição para a segurança pública visto que além de não prenderem o menor, o corpo do trabalhador ficou por 4 horas na calçada esperando a chegada do IML.

Ali, no chão, com o marido morto nos braços, aquela mulher, também trabalhadora, também pagadora de impostos deve ter pensado em todas as alternativas que o mundo não lhe ofereceu, pensando em como tudo poderia ser diferente, em como sua vida seria a partir de agora.

Ela, infelizmente terá que ouvir nos meses que se seguem discursos inflamados de como tudo está maravilhoso em Curitiba. De como os governos passados deixaram tudo errado e que agora terá que ser arrumado, de que Curitiba precisa continuar no bom caminho que está. Talvez, ao ouvir estas palavras, anestesiada por uma dor que não pode ser descrita em palavras, ela nem deixe de acreditar, embalada na solidão de seus pensamentos só lembrará mesmo das palavras da filha ao ver o pai morto.

– Mãe, não quero ir mais na casa da vovó, não gosto de levar tiros!

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