Julius Stranger: o dono do mundo – parte 6

Já não havia como declarar Julius uma pessoa fugitiva, oficialmente ainda era, mas o apoio popular era gigantesco e dificultava qualquer tipo de retaliação. A população, ainda que nunca tivesse visto uma só foto de Julius, o amava. Graças a ele, a maioria dos seres humanos contava com algum serviço das empresas de Julius e por eles pagavam preços modestos, quando pagavam.

Stranger ganhava prêmios, Nobel na Noruega e era “terrorista” na China e na Coreia do Norte, era fugitivo nos Estados Unidos.

Já tinha 10 anos desde a reunião da OTAN, e as autoridades se acostumaram com a “ameaça” Julius, contrariando os principais medo das nações não houve nesse período, nenhum ato hostil, de fato, o estranho parecia genuinamente só querer o bem de todos.

Mas se há uma verdade universal de todos os tempos é que a mudança sempre se impõe e a falta dela incomoda.

O inverno estava rigoroso, o frio tomava conta, mas ninguém morria de frio ou fome. A verdade é que, no novo mundo formado por Julius, somente não tinha casa ou apartamento e/ou um emprego quem não queria. Havia em abundância, para todos, e isso, acredite, tornou-se um problema.

Um sentimento de calma, acomodação se instalou na sociedade, tudo era tão barato e de tão boa qualidade que as pessoas simplesmente desistiram. Não buscavam novas descobertas, não tinham ambição de novos cargos ou conhecimento.

Julius previu esse cenário e tentava mudá-lo, mas sem sucesso.

A população parecia não “gostar” da harmonia em que estava inserida, começaram a se fechar em mundos vazios e solitários, o resultado foi o esperado:
o número de suicídios disparou, a maioria das igrejas fechou suas portas, já não fazia muita diferença se você era Cristão, Judeu ou Muçulmano, pouquíssimas pessoas buscavam Deus.

As escolas estavam vazias, não havia nem professores, nem alunos.

Em todo mundo, começaram a surgir regimes totalitários, mas de um modo diferente, como não havia protestos, os ditadores se impunham sem armas, simplesmente ninguém se importava, os usurpadores de cargo se apoiavam em poucas pessoas extremistas que queriam acabar com aquele estados das coisas.

Esses cenários também foram antecipados por Strange que se viu em uma sinuca de bico.

Se por um lado, conseguiu entregar a população um mundo muito melhor, o povo, essa entidade sem gênero, não sabia conviver com isso. Os poucos palcos religiosos que restavam acusavam Strange de manter um pacto com o demônio, instigavam seus fiéis a se abster dos produtos ou das facilidades entregues por Julius, algo quase impossível. Parecia que uma nova cruzada.

Não demorou, Julius entrou em uma depressão profunda.

Assim como a maioria das pessoas, não tinha mais ambições, era vítima da própria criação.
Não se manteve atento, ficava dias embebido nas lembranças de Karen amando e odiando aquele momento, repassava cada momento, cada olhar, cada toque, e como se quisesse finalmente ser pego, Julius cometeu uma série de erros, e então, numa tarde nublada de outubro, foi, finalmente surpreendido por uma força de governo.

Era domingo, estava no Texas nos Estados Unidos, em um rancho simples, fora finalmente preso.

Teria muito o que explicar. Não sairia dessa tão facilmente, ele sabia, porém, não se importava, estava farto. Era o fim…

Continua.

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Amigos?

O que é ser amigo?
Essa resposta é essencial para você conseguir distinguir alhos de bugalhos.

Amigo é o que trabalha contigo? Amigo é o a pessoa que almoça contigo.
Outra questão importante: você é amigo dos que considera amigo?

Não tem resposta certa.
Mas tem manual de instruções.

Mas, se você:
– se preocupa com o outro.
– pensa nos sentimentos do outro, a empatia.
– gosta de estar junto.
– está pensando em como “ajudar” a pessoa.
– não fala pelas costas.
– não esconde algo público.

Você é amigo
Se o outro não faz isso por você.
Então, não é.

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 5

Já havia se passado 5 anos desde aquele depoimento, Julius já não era uma pessoa “encontrável”. Governos de todo o mundo já o tinham no radar, mas, como um passe de mágica ele sumira. Era como se estivesse sempre um passo a frente dos demais. Algumas vezes “quase” o pegavam, porém, o “quase” se perpetuava.

Suas contas bancárias eram esvaziadas dias antes de serem bloqueadas por governo, suas posses eram abandonadas pouco antes da chegada das autoridades.

Não havia como “pegar” Julius.

Seus pais garantiam manter contato com o filho que garantia não fazer nada de errado, portanto, não havia razão para se submeter novamente a qualquer depoimento.

Já era quase dezembro, pouco antes do dia de Ação de Graças, os agentes do governo faziam campana 24×7 na casa dos Stranger, os telefones, emails, chamadas, tudo era monitorado com a mais alta tecnologia disponível, mas Julius não aparecia. Era um fantasma. Aquilo não poderia continuar daquela maneira, e, pela primeira vez na história da OTAN, houve uma reunião fechada entre os líderes das maiores nações do mundo, não havia intérpretes, a tecnologia dava conta.

O tema era apenas um: Julius Stranger. Ele afetava a vida de todos os países envolvidos, comandava a riqueza quase total de alguns países. Comandava a tecnologia, os instrumentos de defesa, era dono de indústrias bélicas e farmacêuticas, a bem da verdade, com apenas uma simples vontade de Julius, nações inteiras entrariam em colapso. Naquela sala, as maiores nações do mundo eram reféns da boa vontade de apenas um homem.

Após intensas deliberações, chegou-se a conclusão que o perigo real era Julius, ainda que não fosse eleito, contava com a admiração popular já que suas empresas ofereciam os melhores serviços por preços irrisórios. Defendia publicamente, ainda que sua própria imagem não fosse conhecida, questões ambientais, distribuição de riqueza e outros temas pouco populares entre políticos.

Diziam que ele tinha pacto com o demônio, outros afirmavam se tratar de um ET, falavam sobre influência externa, não importava o país, a forma ou ainda a ideologia, todos afirmavam que Julius era um perigo e precisava ser detido. Virou o inimigo público número 1. Precisava ser parado, agora.

Como primeiro ato, declararam-no fugitivo da justiça, para a pouca imprensa que ainda não estava nas mãos de Julius iriam declarar que Julius estava envolvido com grupos terroristas visando destruir o modo de vida da nação, não importava qual seria. Era um extremista a partir daquele momento. Também acordaram que fariam uma série de atentados terroristas e os atribuiriam a Julius em busca de apoio popular, por fim, iriam prender os pais fazendo com que Julius aparecesse, aquele casal era a única coisa com a qual aquele desconhecido tido como gênio se importava.

Nos meses seguintes, todos os planos dos governos falharam, um a um, parecia um jogo de xadrez que não poderiam vencer, Julius parecia uma espécie de Deus que conhecia tudo, antecipava tudo, tinha respostas para perguntas que ainda nem haviam sido feitas.

Como combater um deus que não aparecia, que não mostrava o rosto, que não buscava reconhecimento, simplesmente Julius era um perigo por não ter um objetivo único. Não formava amigos, mas, a exceção dos líderes, também não fazia inimigos.

A partir das empresas de Julius, a conexão com o mundo virtual alcançou 100% dos interessados a partir de aparelhos doados e mensalidades que giravam entre 1 e 10 dólares. Havia a construção de casas com infraestrutura dos bairros mais abastados com preços abaixo dos menores apartamentos e parcelamentos que impossibilitava até mesmo a inadimplência. As mais de 100 companhias aéreas de Julius ofereciam a tecnologia do voo supersônico a partir de combustíveis movido a luz do sol e hidrogênio. Os voos eram baratos, estavam sempre lotados e a difusão das pessoas entre diferentes culturas ajudou na tolerância.

O meio ambiente se recuperava, a xenofobia praticamente não existia mais, o racismo se tornou uma palavra arcaica que, às vezes, precisava de dicionário para ser entendida, o mundo nunca estivera melhor, as pessoas nunca viveram tanto e com tanta qualidade e, ainda assim, jamais esteve tão perto do seu fim, já se passara 10 anos do “reinado” de Julius.

Julius, precisava ser detido, mas como?

Continua…

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 4

Aquela mina tinha tanto ouro que era difícil acreditar que ninguém até então havia se dado conta da existência dela. Julius, havia adquirido a propriedade por um preço ínfimo, ninguém antes dava qualquer tipo de atenção para aquele deserto abandonado. Ninguém conseguia acreditar, poucos dólares haviam se transformado em uma das maiores fortunas já vistas.

Julius não era o mesmo homem que há pouco mais de 2 anos perdera o amor, que na verdade, nunca teve. Karen, ainda era lembrada, é verdade, mas como um sopro, uma lembrança que embala pensamentos em uma tarde chuvosa.

Mas, como Julius já antecipara, a “sorte” de encontrar ouro em lugar tão inóspito traria questionamentos, principalmente governamentais, trouxeram!

Em uma tarde de domingo diversos carros pretos, 4 no total, pararam na escada da nova mansão de Strange, vieram buscá-lo para depoimento em uma agência obscura. Julius já estava na escada com malas prontas, ao ver os agentes, simplesmente disse:

– Estou pronto.

Surpresos, confusos, nada disseram, ele entrou no carro e foi conduzido para um prédio no centro da da cidade, sem maiores explicações.

A sala em que foi colocada era ampla, fria, porém muito bem decorada com réplicas de quadros famosos, uma enorme mesa de escritório e algumas poltronas confortáveis. Julius sentou, e aguardou, 14 minutos depois, uma homem de meia idade, calvo, vestindo um terno barato e uma expressão séria foi direto ao se dirigir, ao que agora parecia, um investigado:

– Como você  sabia da localização de todo aquele ouro?
– Eu não sabia. Comprei o terreno para construir uma casa e um laboratório fora da cidade, como você sabe, eu sou um cientista. Precisava de espaço. Foi sorte.
– O senhor espera mesmo que acreditemos que encontrar todo aquele ouro, em um lugar isolado, longe da sua cidade natal, foi apenas um golpe de sorte?
– Eu não espero nada, essa é a verdade.
– Ok, vamos imaginar que isso seja a verdade. Como o senhor ficou sabendo desse rancho?
– Simplesmente entrei na internet e pesquisei um local com as características que queria, conforme já falei com o senhor. Sei que o senhor já invadiu meu computador e viu minhas buscas, sabe que isso é verdade.
– Nós não invadimos seu computador, não poderíamos fazer isso sem uma autorização.
– Claro, papai noel me contou isso ontem.
– Não estou gostando do seu tom. O senhor está aqui apenas para averiguação, ainda não é investigado por nada.
– Então posso ir embora?
– Assim que eu terminar minhas perguntas.
– Mas eu não devia ter direito a um advogado?
– Você acha que precisa de um?
– Sei que não.
– Vamos fazer assim, iremos retomar nossa conversa amanhã. Que tal eu lhe oferecer uma hospedagem aqui nas nossas instalações?
– Certo, já estou com as malas prontas.
– Mas como o senhor sabia?
– Foi um palpite.
– Mais um golpe de sorte?
– Pode-se dizer que sim.

Na manhã seguinte, ainda que tivesse uma noite agradável, um jantar refinado, Julius arrumou as malas e iria embora. Mais uma vez foi até a mesma  para “conversar” com a mesma pessoa.

As perguntas se repetiram, a insistência com o golpe de sorte, mas nada além disso, o agente sabia que não poderia manter Julius ali por mais tempo. Afinal, ter “sorte” não é contra a lei.

Julius foi para a sua nova casa, sentou-se em frente da sua tv, antiga, que não combinava com o ambiente, parecia mais uma peça retrô do que um equipamento que de fato funcionasse. Julius pegou uma espécie de controle remoto, digitou alguns números e ali, naquela tela, o agente apareceu, vestindo o mesmo terno barato, e com a mesma calvície brilhosa. Julius assistiu à cena e ficou tranquilo. Teria alguma paz.

Continua…

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 3

O natal se aproximava rapidamente, daquela data Julius não poderia escapar de modo algum.
Teria que ir para a casa dos seus pais. Já sofria por aquilo, não que não os amasse, amava, mas o trabalho tinha entrado em um estágio que envolvia excitação e alguns resultados bastante promissores, mas, e na vida sempre há um “mas” ela ainda não compreendia como comprimir tempo como uma fita, e isso era crucial.

Seu pai puxou a oração na hora da ceia, religiosa, sua família nunca deixara passar um natal sem reunir todos, o jantar e os presentes eram uma tradição, como em tantos lares, e aquela ceia jamais seria esquecida.

O Pai de Julius, John, contava histórias de sua infância e adolescência e nesta ceia contou como gostava dos finais de ano em que os vaga-lumes apareciam em profusão, como ele e seus amigos aprisionavam os insetos em vidros e a luz permanecia por muito tempo sendo admirado por todos.

Se fosse um desenho animado, uma lâmpada teria aparecido na cabeça de Julius:
– Era isso!

Claro. Era tão simples que era incrível alguém ainda não ter pensado nisso.
Julius se despediu dos pais e do restante da família e voltou ao trabalho na sua casa, já sabia como dominar o tempo.

Basicamente Julius entendeu que o mundo, o universo, enfim, tudo que existe, é um conjunto de prótons, neutrons e elétrons dispostos de diferentes formas e combinações que assim, formavam diferentes corpos. Mas, a simples existência desses elementos já deixava em si um “marca” no universo. Algo invisível, algo intangível, mas que estava lá.

Julius entendeu que para dominar o tempo teria que traduzir essas impressões temporais  em algo que pudesse ser visto pelo ser humano, não demorou muito. Depois de 90 dias, nem mais, nem menos, o mundo mudou.

A frequência traduzida a partir de fórmula matemática de David Hielbert, nada mais fazia do que transformar frequências zeta em uma espécie de sinal de tv aberta.

No dia 25 de Março, às 16h43, Julius conseguiu a sua primeira imagem.
Um casal que ele nunca tinha visto na vida, falando uma língua totalmente desconhecida por ele, discutia algum assunto aleatório.
A mulher vestia um vestido, mas não muito volumoso, branco com rendas e babados, já o homem, um colete preto com uma camisa branca semi-aberta, mangas enroladas e chapéu preto, parecia uma cena de filme antigo, parecia uma casa humilde.

Ele não sabia quem era, aonde era, mas sabia quando era.

A cena que aparecia naquela espécie de tv mostrava um calendário e o ano era visível: 1911.

Continua…

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Os números

Se você é humano, não acredite em números.
Os números têm o melhor marketing, se vendem como definitivos, não são.
Hoje você fica feliz com 10 views, 1o comentários, 10 reais.
Amanhã, 10 views, 10 comentários, 10 reais não serão suficientes.

Hoje você fica feliz com 100 views, 100 comentários e 100 reais.
Amanhã, 100 views, 100 comentários e 100 reais não serão suficientes.

Hoje você fica feliz com 1000 views, 1000 comentários e 1000 reais.
Amanhã, 1000 views, 1000 comentários e 1000 reais não serão sufientes.

Os números mentem dentro da verdade, e isso é mágico.
Os números não são precisos, os números são uma ilusão.

Julius Stranger: o dono do mundo – parte 2

O que é afinal de contas um dia?
Apenas a soma de horas e minutos para recomeçar em seguida?
Uma fase da vida?
Uma jornada?

Julius não tinha resposta para esse dilema que lhe acertara com força, afinal os dias perderam o valor para ele.
Já se iam 30 dias desde que Karen, a moça que mal conhecia, mas que amava com todas as forças do seu coração partira para não voltar.

Se ao menos ele pudesse viver mais um dia com ela.
Ouvir suas histórias, descobrir o que afinal de contas fez com que ela lhe desse atenção…
Mas não, ela se fora para sempre.

Minutos, dias, horas, tudo empilhado formavam uma conexão entre si, e isso, afinal de contas, era invenção? Era física? Era matemática?
O que era o tempo?
E se… E se houvesse um modo de domar o tempo? Fazer com que andasse para frente ou para trás?
Uma máquina do tempo? Não. As variáveis são tão subjetivas que apenas a tentativa já geraria muito risco para a vida.

Mas, o tempo tem necessariamente relação com o que chamamos dias, horas?

Depois de 30 dias, Julius retornou às aulas no MIT com uma convicção:
iria domar o tempo.

Afinal, quem “isso” pensa que é para determinar quando possamos ou não viver algo?
Falou com seus orientadores e pediu tempo para pesquisar, foi concedido, afinal, aquela mente não aprendera nada novo desde o primeiro ano.

O tempo.
Domar o tempo.

O tempo, aquele que deveria ser domado passou, Julius não saia de casa para nada.
Sua mãe e seu pai o visitavam vez ou outra para ver como ele estava.

Não entendiam como um romance de algumas horas poderia ter causado aquele efeito em Julius.
Tia Selma, tinha certeza de que se tratava de feitiço, era preciso quebrar.
Julius se divertia com aquilo e garantia que estava tudo bem.

Karen, era a inspiração, é verdade, mas o trabalho já tomara o coração de Julius e virou obsessão.
Era 13 de dezembro, seu amigo, na verdade, tinham se visto algumas vezes na Universidade, o convidara para o aniversário, mas ele não queria sair. Estava frio, a neve tomava as ruas e se acumulava…

Então, como alguém que lembra de comprar leite no final do dia, Julius teve a epifania.

Sim, ele iria conseguir domar o tempo.

Continua…

Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Julius Stranger: o dono do mundo (parte 1)

Julius Stranger era o homem mais rico do universo conhecido.
Ainda que viesse de uma família pouco abastada, nunca lhe faltara nada e pode estudar nas melhores escolas, parte por seu próprio intelecto avançado, parte pelo esforço de seu pai, John Stranger, que trocava trabalho por estudo e materiais.

Ainda no ensino médio, Julius se destacava frente aos colegas e o resultado foi que não terminou nem o primeiro ano e foi alçado ao MIT com bolsa integral e salário para pesquisa.

Na universidade, a vida de Julius parecia um conto de fadas, podia se concentrar 100% do tempo nos estudos, tirava boas notas e não tinha nenhuma preocupação com contas, até que conheceu Karen.

Karen era o extremo oposto de Julius, ainda que também fosse razoavelmente inteligente, não tinha como estudar naquela Universidade, porém, vinha de uma família que se formava há gerações no MIT e eram doadores contumazes, com esse “currículo” acabou sendo aceita.

Naquele dia, o mundo de Julius, e de todos os seres humanos, mudou para sempre.

Como um incêndio que arrasa florestas, o olhos de Julius brilharam quando viu Karen pela primeira vez, era uma aula qualquer de física quântica, dessas que ele já decorara ainda na sexta-série, mas Karen não, ele nunca vira igual beleza. Seus pensamentos foram imediatamente tomados pela beleza de Karen que, percebendo os fulminantes olhares, se divertiu com aquilo e mandou um

– “olá”.

Fora o “olá” mais arrasador que Julius tinha ouvido na vida.

Alguém que estuda tanto, que não fez sequer o ensino médio, ou high school, não tinha tempo de namorar, e era isso, Julius nunca namorara, era, portanto, totalmente inocente na arte da conquista, ao contrário de Karen, que emendava relacionamento em relacionamento.

A partir daquele dia, os números, as invenções perderam espaço na cabeça de Julius que só tinha pensamentos para Karen. Ela, que havia gostado do jeito tímido e interiorano do rapaz lhe convidara para sair, um bar, uma bebida, uma passada no dormitório e pronto. Estava consumado. Julius não iria mais esquecer daquela noite.

Mas a vida, caros e desavisados leitores não é algo escrito em manuais e suas surpresas são o âmbar principal da existência, assim, na manhã seguinte, atrasada para a aula de geometria aplicada, Karen deixou Julius na cama e correu atrasada.

Uma rua.
Um carro.
Uma distração.
O fim.
Karen estava morta.

O mundo não sabia, mas naquele momento, seu destino estava selado, e um homem cheio de dor e sofrimento seria o seu dono. Os acontecimentos daquele dia ditariam a humanidade e seu triste destino.

Continua….

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5

Autofagia – complexo de vira-latas – temos!

Se Nelson Rodrigues soubesse que uma crônica de futebol representaria tanto o brasileiro médio, talvez nem tivesse escrito.
A frase é um espelho de nós mesmos.
Isso vale para qualquer coisa,
Entenda: qualquer coisa.

Não se trata de ser verdade ou não.
Trata-se de se entender pior.

Não prometo isso porque PODE ser mentira.
Não escrevo isso porque PODE, QUEM SABE, TALVEZ, ser mal interpretado.
Não faço porque alguém PODE não gostar.

A libertação da autofagia cobra seu preço.
Ser confiante que o que você está fazendo é o certo, também.

A mesma vida.
A mesma grama.
O mesmo mundo, é igual.
O seu pode ser pior ou melhor.
Depende a que se destina.

Não se entenda como pior.
Busque ser o melhor.
E ofereça, sempre o melhor que lhe couber.

*A ilustração é deste site, não consegui encontrar o autor.
https://www.justificando.com/2019/02/05/a-autofagia-da-democracia/

O que é Pátria?

O que é pátria?
Um espaço geográfico?
Uma bandeira?
Uma ideologia?

Pátria é um estado de ser
Pátria é o lugar em que se abraça
Em que se sente bem.

Pátria é mais que geografia.
Pátria é a vida nossa de cada dia.
Pátria é a vida em si.

Se a sua vida.
Se você está na gringa ou na ginga.
Tanto faz.
Aquele  lugar que te trata bem
É a pátria do seu coração.
Todo o resto é proselitismo sem noção.

Tenha pena de uma alma perdida.

Eu sei, as pessoas, vez ou outra, parecem más.
Elas simplesmente parecem ter prazer em contestar, contrariar, agredir, magoar, diminuir.

Infelizmente, não há uma fórmula para escapar desse tipo de gente, seja profissional ou pessoalmente.
Seja como cliente ou como fornecedor.
Eles estão aí esperando para distribuírem seus “presentes”.

Parece fácil, e é, dizer para você simplesmente não “aceitar”.
Na vida real não é assim que funciona.
Algumas vezes o sapo vem sem sal.

Seja como for, o melhor a se fazer é seguir uma antiga canção…

“…Se você sucumbe ao medo
que vem atormentar teus sonhos
Ainda resta o fogo humano contra a hipocrisia
Quando todos te humilham e te empurram ao fracasso
Desafie a agonia acorde em ti o teu palhaço
Se alegre como os inocentes não se torne um decadente
Nem procure no futuro o que está no teu presente…””

Os boletos vão continuar chegando.
As pessoas continuarão sendo boas ou más, independente de como você encare cada situação.
Seja bom com você mesmo.
Respire.
Tenha pena de uma alma perdida.
Sorria.
Continue.

A vida sempre te desafia…

Um dos meus filmes prediletos é “Mais Estranho Que a Ficção”, a narrativa você deve conhecer:

Um homem com uma vida pacata começa a ter sua vida narrada por uma voz misteriosa. Ao procurar ajuda recebe a sugestão de ficar em casa, sentado, sem fazer nada, não dá certo, ele é desafiado pela história, pela vida a se mover. #Ficaadica

Sempre somos instados a enfrentar novos e diferentes desafios, a pandemia está presente em nossa vida e não nos deixa mentir. A esperança foi vencida, assim como o medo. O normal foi vencido, e também o anormal foi vencido.

As respostas prontas e certas deixaram de existir.
A certeza tornou-se uma vaga lembrança de uma época que pensávamos saber de algo.
Não sabíamos.

Ser desafiado pela vida não é um convite, é uma convocação. Você não escolhe aceitar, você é obrigado a aceitar e a partir daí tomar as melhores decisões possíveis.

Eu  sei, você não queria mudar de casa, emprego, namorada, carro, calça, calçado, opinião.

Mas é o que te restou, então… você precisa… se adaptar.

Até pode se perguntar “Quem Mexeu no Meu Queijo”. Ninguém mexeu no seu queijo, ele iria mudar de lugar quisesse você ou não.

Não há varinha mágica, não há a saída pela esquerda, francesa ou inglesa. Os desafios vão te alcançar em algum momento, você invariavelmente irá vencer e perder. Tomará decisões boas e ruins, e assim… aprender até ser desafiado de novo. não é um prognóstico, é uma certeza.

Afinal, não é esse o exato significado de “vida” ?

Não há escolhas fáceis quando o “certo” não é aparente

Parece um mantra mais ou menos consolidado:
“escolha o certo e você estará bem”.

Ok, sem ressalvas, mas e quando o “certo” não é aparente. Quando você simplesmente não sabe o que é o tal “certo” ?

Não faltam exemplos e com a pandemia, ainda mais.

Volta às aulas.
Certo ou errado? Mandar as crianças para a escola ou deixar com avós?
Ficar em casa com elas e perder o emprego? Passar fome em família ou correr risco em família?

Não tem resposta certa.
É mais ou menos aceitar que há risco em qualquer resposta e seguir em frente sem maiores pensamentos.

Conheço gente que:
privou os avós da convivência da família e estes entraram em depressão, alguns até sucumbiram.
liberou a presença dos familiares e estes acabaram contraindo o vírus.

O importante é viver intensamente o momento.
Seja ele resultado da escolha que for.

O início da guerra contra a lua

O ano não poderia ser pior, 2789, o planeta Terra acabava de ser atacada por Marte e sua colônia de humanos independentes. Havia resquícios de energia nuclear carbon 72 por todo lado. Graças aos cientistas da Nova Terra, os efeitos não passavam de simples dores de cabeça, ainda assim, incomodavam, e muito.

Com sua base na lua desde 2098, o ser humano transportou para lá um velho hábito: o da conquista.

Países independentes iam, se instalavam e depois, ansiavam por mais território, deve ser algum defeito no DNA humano, especulam cientistas, afinal, cada palmo da lua é exatamente igual ao anterior, ainda assim, havia guerras para conquistas de territórios.

Em 2356, tivemos um versão aprimorada do império romano dos tempos medievais, como são chamados os séculos anteriores ao 22, o povo PruRo, uma mistura de russos originais com alguns dissidentes europeus, havia conquistado toda a lua, todos os demais povos, incluindo o extinto povo (na lua) dos Estados Unidos.

Segundo as contas dos ministros terráqueos, não valeria a pena manter uma base na lua apenas pelo nome, a era da vaidade havia dado espaço para a era da razão.

Desde então, o povo Pruro começou um ambicioso projeto de oxigenação do satélite, o projeto, claro, era complexo. Havia a necessidade de 3 camadas de proteção multilaser para evitar as chuvas de meteoros e também de lixo estelar, cada vez mais comuns, as camadas teriam que ter a possibilidade de abertura e fechamento instantâneo para a saída e entrada de naves. Além disso, uma grande redoma de vidro seria colocada trazendo enfim um ambiente oxigenável para o satélite, a partir daí, permitir sua agricultura e auto-suficiência.

Tudo ocorria sem maiores intercorrências não fosse por um fato absolutamente simples: sementes.

Não havia sementes na lua, agora chamada de Planeta Independente PruRo. Uma comissão diplomática foi enviada ao planeta mãe para negociar a compra das sementes junto as autoridades, mas não obteve sucesso. Uma coisa era tomar para si um satélite sem expressão ou função, outra era querer transformá-lo em um planeta. Além disso, já havia diferenças visíveis nas marés ocasionadas pelo “fechamento” da lua.

Definitivamente não haveria negociação.

Sem saída, ao povo PruRo restavam duas opções:
– comprar o alimento necessário diretamente de outros planetas ou;
– atacar, roubar o planeta mãe em busca de sementes.

Continua…

Respira.

Se você parar para pensar, na maioria das vezes é difícil.
Aliás, se não for difícil não vale a pena.

Lembre-se; a incoerência humana mora na palavra “mas”.

Mas, quando estamos no meio do furacão, lembramos saudosos dos tempos de calmaria.
Não há, de fato, certo ou errado, apenas a pergunta: o que você está fazendo da sua vida?

Você cresce, casa, trabalha, se aposenta e morre?
Casa – trabalho – trabalho – casa?
Coisa que não quero – algo que suporto – graças a Deus só – coisa que não quero?

Não se preocupe.
Não há de fato uma resposta certa.

Alguns fatos da vida são inexoráveis:

– Você estará insatisfeito depois de algum tempo satisfeito
– Você adora desejar mudanças que irá reclamar depois.
– Ainda que você não mude, a vida muda por você!

Algumas coisas simplesmente dão errado e não importa quão duro você trabalhe.
Logo, e essa é a beleza da vida, você se recupera.

Talvez, como diz o ditado, você só veja o copo meio vazio.
Mas o líquido já é outro.

Por fim, o conselho que ninguém pediu.
Respira!

Fiz 40, e agora?!

Agora, nada.
Fazer 40, me fez lembrar de quando eu fiz 30.
E esse sentimento eu dividi aqui com vocês.

Fazer 40 anos é ver as coisas de um modo diferente.
Acredite, você se torna uma pessoa melhor e o tempo… ah, o tempo… passa bem mais rápido.

Sabe o texto do link acima? Tenho a nítida sensação de que foi escrito ontem.
Fazer 40 anos também traz uma matemática ruim, observe.
A expectativa de vida geral no Brasil é de 77 anos, ou seja, ter 40 anos é estar mais perto do fim do que do começo, e isso não tem volta.

Se você, adolescente, cair nesse texto, saiba que:
– Você fica mais sábio porque escolhe melhor as brigas que quer enfrentar.
– Você fica mais lento, não é física, é saber aproveitar melhor momentos .
– Você escolhe melhor os amigos que tem, porque eles são poucos e raros.
– Acredite, você ama ficar em casa e também ama viajar, quem disse que só adolescentes são estranhos.

Quero reproduzir um parágrafo do último texto, daquele que escrevi há 10 anos:

Fiz 30 anos, que P… é essa? Tenho mais responsabilidades por conta disso? Alguém está esperando mais? Quem sabe uma barba? Já tentei, não ficou bom. Quem sabe devo ter mais filhos? É uma opção. Na adolescência  plantei árvores, tive filho, ainda me falta o livro. Vou escrever, promessa dos 30, escrever um livro.

Agora deixo barba somente nas férias, fica horrorosa e rala. Também, tive mais um filho, já tem 7 anos. Não plantei mais árvores, mas olha só… escrevi um livro meu (porque também escrevi outros dois, dos outros). Abri uma empresa. Fiz novos amigos, mantive amigos antigos como o Geison, o Boby e o Tramujas.

Também fiquei mais chato, passei a dar valor a coisas imbecis, como a sala arrumada. Quem tem dois filhos sabe quanto isso é raro.

Promessa dos 40? Sem promessas.
Só aproveitar o máximo possível
Fazer 40 é ficar velho. Ter rugas. Preocupações. Tem até dor estranha.
Mas é legal pra caramba!

E para finalizar: Geison continua fazendo strogonoff pra patroa?

Ou tem ou não tem.

Estou falando de respeito.
Que também pode ser empatia.
Não dá para inventar. Não dá para disfarçar.
Ou tem ou não tem.

Pensar que as pessoas estão abaixo de você.
Que elas precisam respeitar os seus horários.
Ou ainda, imaginar que elas te devem algo.
é
falta de respeito.
falta de empatia.

Ninguém deve nada a ninguém.
E não estou falando de dinheiro. (aliás, se não entendeu isso ainda, pare agora)

– Ah, mas a gratidão…

Gratidão não se cobra.
Amizade não se cobra.
Amor não se cobra.
Respeito não se cobra.

Se as pessoas não tem respeito hoje, não terão amanhã.
Não tem meio termo.
Ou tem, ou não tem.

Ninguém é obrigado a nada.
Todos fazemos muita coisa que não queremos.
Mas não é obrigado.

Você pode perder tudo.
Mas ainda assim, há uma escolha.

Você tem?
Você cobra?
Você pratica?

Ou tem, ou não tem.
Mas…
A boa notícia é,
Sozinho.
Se quiser.
Se aprende.

Ou tem ou não tem.

Você não precisa de ninguém em partes

Você já deve ter ouvido.
Você não precisa de ninguém.

Em partes, é verdade.
Em todo, não é.

Então, por favor. Se ajude.
Ajude a você mesmo a ser ajudado.

Tire a arrogância inata de que você tudo sabe, de que você é o melhor em tudo aquilo que faz.
Não é.
Ninguém é.

Existem vitórias pontuais.
Você pontualmente é melhor que alguém.

Pontualmente esse alguém será melhor que você.
Esse é o ciclo.

Ninguém vence sempre.
Ninguém perde sempre.

Então, tome coragem, pessoa.
Seja a melhor versão de você mesmo.

Se dedique.
Se for perder, perca com o coração cheio e o fôlego vazio.
Perca sabendo que entregou tudo.

Pare de patinar no mesmo lugar.
Pare de acelerar quando é hora de parar e de parar quando é hora de partir.

Entenda de uma vez por todas.
Você não precisa de ninguém em partes.
Você precisa de todos no todo.

Psicotécnico

Antes da arma.
O Psicotécnico.
Antes do carro.
O Psicotécnico.
Antes do poder.
Nada.

Quando entramos em um carro, a vida está em jogo.
A tua, das outras pessoas com você, e mais algumas dezenas nas ruas.

Quando compramos uma arma, a vida está em jogo.
A tua, e de tantas pessoas quanto a sua loucura ou número de balas permitir.

Quando o destino de todas as pessoas está nas suas mãos,
nada.

Grita, berra, explode, incentiva.
Vá, veja, faça, filme, invada, brigue!
É democrático. Democrático?

A bola é minha.
Encerro a partida quando quiser.

O campeonato é meu.
Mudo as regras quando quiser.

O exército é meu.
Ameaço com ele quando quiser.

O caminho é perigoso.
O caminho é arenoso.
O abismo é logo ali.

300, 30, 29, 1.
O psicotécnico é preciso.
O psicotécnico poderia nos salvar.

Salvação ainda há!
Há?

Ar

Ar.
Todos precisamos dele.

Salvador e vilão.
Nós precisamos ar.

Quando estamos estamos estressados:
Precisamos de um ar.

Quando estamos viajando
É bom respirar novos ares.

Quando estamos simplesmente vivendo.
Uma suspirada pode mudar nosso humor.

O ar é incolor.
O ar é igual para todos.
O ar é o mesmo, a cor do ar é a mesma. A composição do ar é a mesma

Mas por que alguns não podem respirar?

I can’t breathe!

Por que alguns acham que o ar incolor tem mais valor para determinada cor?

I can’t breathe!

Um joelho.
Uma reação.
Uma reflexão.

A exposição ao perigo.
Ao ar, perigoso quando aglomerado.
Mas é urgente.
É preciso gritar.

Para gritar, preciso de ar.
Mas ar me falta.

I can’t breathe.
I can’t…
I…

Ar.