Conseguiremos através da morte separar os tomates podres?

Ontem recebi um link com o seguinte nome “Malandro levando tiro”, a principio não abro vídeos com estes nomes, mas este me fora recomendado por um amigo que via de regra só repassa coisas que valem a pena, esse caso, não era uma destes casos.

O vídeo, que não, não irei colocar no blog, mostra o que parece ser uma reportagem policial falando sobre um jovem que fora alvejado e que aguardava a presença da ambulância, de repente, um jovem vestido de roupa amarela chega, saca o revolver de sua bermuda e dispara contra o quase moribundo, simples assim. Saque, tiro, morte.

A cena é tão simples, que choca, é a primeira vez que vejo a vida humana tomar um rumo tão barato. É a primeira vez que vejo o medo que assassinos tem da punição, ou seja, nenhum.

Havia no local testemunhas, havia uma equipe de reportagem, para o bandido é como se não houvesse ninguém. Ele simplesmente matou e seguiu com sua vida. Infelizmente não consegui maiores informações sobre o caso. Conversei com um jurista para saber o que efetivamente poderia acontecer com aquele assassino visto que ele não tinha nenhum tipo de defesa plausível.

A resposta é estarrecedora: ele certamente ficaria preso até 3 anos antes de ser julgado, isso levando-se em conta que não tivesse dinheiro para contratar um bom advogado, se tivesse seria um novo Pimenta Neves, matou, confessou, todo mundo sabe quem foi, mas esperou em liberdade. Quando julgado iria pegar a pena máxima e os anos não importam tanto, superaria 30 anos mas a lei brasileira não permite que alguém passe tanto tempo na cadeia.

Preso, se tivesse bom comportamento  a partir do sétimo ano de pena (dos quais teoricamente já teria cumprido 3 anos do julgamento) poderia pedir liberdade condicional, ou seja, 7 anos após ter atirado e matado a sangue frio outro ser humano, poderia estar nas ruas, solto, a vontade para fazer o que bem quisesse.

Não sejamos ingênuos, o mundo jamais passou por períodos de paz, o ser humano sempre foi mal por natureza, sempre praticou crimes contra o seu próximo, até mesmo na Bíblia um irmão matou o outro em busca de benção e poder. O que mudou com o decorrer do tempo foi o tipo de punição, passou do nada para o “olho por olho” , no Brasil retornamos ao nada.

A vida, ganhou um preço, baixo. Todo mundo pode pagar. Se quiser tirar uma vida, fique a vontade, a sua pena será ridícula, sua vida dar digamos, uma pausa, depois você aperta o play novamente e segue como se nada tivesse acontecido.

Via de regra sou contra a pena de morte, mas há casos que me fazem repensar esse preceito religioso, a pergunta que fica é: conseguiremos através da morte separar os tomates podres?

Um comentário em “Conseguiremos através da morte separar os tomates podres?”

  1. Achei o texto excelente, mas discordo completamente da parte “Não sejamos ingênuos, o mundo jamais passou por períodos de paz, o ser humano sempre foi mal por natureza”. O pressuposto de nossa organização de Estado é que o Homem é bom por natureza e que a vida em sociedade é que o leva a cometer atos que a afrontra. Neste contexto, é que os homens firmaram um “contrato social”abdicando de parte de sua liberdade para melhor viver em sociedade (Rousseau). Por isso, acredito que precisamos rever este contrato e não crer que é a natureza do homem que assim determinou o que está aí. Nesta premissa, não haveria pessoas boas e sei que há muitas e que são a maioria ainda.

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