Coisas que aprendi mas não queria ter aprendido

Captura de Tela 2013-09-12 às 11.02.17Toda vez que escrevo, ou falo, coisas um pouco mais polêmicas acabo taxado de alguma coisa. Ou burro, ignorante, “reaça”, “coxinha” enfim… nem ligo. Aliás me divirto muito, a última é que sou jornalista de esquina. Talvez até seja mesmo. Afinal, de que adianta falar para uma plateia que não quer ou não se importa em ouvir? Todos tem a sua verdade e ela é absoluta. E aqui está a primeira coisa que aprendi nos últimos dias:

O debate morreu.

A argumentação não importa. Os fatos não importam. É “verdade” contra “verdade”, simples assim.

Também aprendi coisas novas com relação a relação de poder da política brasileira:

Fale que você é diferente até precisar ser, aí, fique igual.

O partido de Marina Silva é um bom exemplo disso. Seguindo todos os trâmites do bom e velho coronelismo fez o que todos os outros partidos fizeram ao longo de sua história: deram um jeitinho.

Aprendi também sobre a justiça do Brasil:

Aprendi que ela não existe. Ao menos não para todos.

Vários exemplos são vistos, vários são seguidos. E sim, eu sei que minha amiga e leitora deste blog, Vivian, a Dra. Vivian irá discordar comigo. E como conceito ela tem razão, porém como realidade, permita-me Vivian, não. Julgamentos como o pagodeiro que matou a mulher e cinco anos depois está sendo julgado em fuga. O grupo de pagode que é acusado de estuprar e todos estão a solta. O deputado que demorou mais de oito anos para ir a cadeia. O jornalista que matou, confessou, ficou 9 anos esperando o julgamento, 2 anos preso e agora irá sair em liberdade condicional. E claro, o famigerado, o vergonhoso, o inescrupuloso julgamento do Mensalão.

Ele é presidido e relatado por um presidente indicado por Lula mas que se coloca para a sociedade como paladino da justiça. O mesmo presidente que não tem compostura para com seus pares porque, como falei ali em cima, o debate morreu, e viver com o diverso não é mais opção. Esse mesmo presidente que manda jornalista calar a boca. Acha que não tem que dar explicações sobre apartamentos milionários e nem viagens em aviões especiais. E olha que escrevendo o que escrevi parece que ele é o lado mau da questão. Não. Ele é um dos melhores.

O julgamento do mensalão nos dá um bom exemplo deste ensinamento. Funciona assim: se você tem dinheiro e bons advogados e eles souberem o que diabos é embargos infringentes, a chance de você se dar bem apesar de ter roubado, desviado, mandado roubar, ou sabe-se lá que crimes você venha a cometes, é grande. Na verdade é quase garantida. Faça as contas, o julgamento vai demorar mais ou menos uns 10 anos para começar, depois ele vai demorar uns 2 meses, em seguida leva mais uns 6 meses para publicar as sentenças, depois tem o tempo de… enfim, você vai se dar bem.

Ainda no campo da justiça você pode várias coisas. Um juiz, digamos presidente, pode ser investigado e pedir que a imprensa não divulgue nada sobre isso. Pode articular para que o filho entre em outro tipo de corte. Pode posar de justiceiro. Pode liberar verbas para compras de carro. Pode muitas coisas e nem precisa prestar contas de nada.

E por fim aprendi algo que é explicito mas que teimava em negar:

Se você tem um cargo com qualquer tipo de status você é um semideus.

Se você é vereador, prefeito, deputado, governador, desembargador, juiz, enfim, se alguém te chamar de doutor, pronto, comece a fazer os seus milagres. Outra mágica que acontece é: esqueça tudo o que você sabe fazer manualmente, não precisará mais, alguém fará por você. Abrir a porta? Nada. Dirigir? Absurdo. Pegar um cafezinho? Nem vou comentar.

A vida é assim, alguns ensinamentos a gente não gostaria de receber, mas ao recebe-los você aprende a lidar melhor com o seu meio, infelizmente um meio bem sombrio.

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