O Dia Depois de Amanhã

Hoje 29.
Amanhã, 30.
Depois de amanhã, 31.

O tango final.
A última dança do calendário gregoriano ocidental.

O que muda na prática?
Pouco? Muito? Muito pouco? Nada?

Muda, sim, afirmo.
Empacotar esperanças, dores, medos, perspectivas e desejos em uma mudança de ponteiro é genial.
Não podemos determinar o quanto é revigorante para o ser o humano médio ter, ao menos em tese, um momento seu. Um momento de basta. Um momento de recomeço.

Tudo que você não fez, relutou, tentou, protelou, e não funcionou.
Do nada, do absoluto nada, uma nova chance de recomeço.

Então você pediu e não recebeu.
Não há mais tempo.
Não há mais tempo esse ano, porque no próximo haverá outras 365 oportunidades.

Tudo isso com um simples passar de ponteiros.

Dieta.
Perdão.
Exercício.
Curso.
Emprego.
Casamento.
Casa Própria.

A lista é imensa.
Mas, é preciso algo.
Algo que independe da época do ano.

O primeiro passo.
A imponderável coragem de dar o primeiro passo.

Não perca mais tempo.
Arrisque.

E sabe o que mais?
Se der errado.
Adivinha.

Logo o ponteiro passa novamente e você terá outra chance.
E outra.
E outra…

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E se…

– Senhores passageiros, aqui quem fala é o Comandante. Infelizmente a aeronave perdeu os motores e teremos que fazer um pouso forçado. Por favor, tomem suas posições, afivelem seus cintos e rezem.
Tripulação. Preparar para o impacto.

E se você estivesse nessa aeronave?

O que pensaria?
Do que se arrependeria?
Pensaria que iria morrer?
Teria certeza que sobreviveria?
Ajudaria as pessoas ao seu lado ainda que não as conhecesse?
Tentaria alguma coisa estúpida como levantar da poltrona?
Tentaria ligar para alguém?
Rezaria?
Blasfemaria?
Gritaria?

E se tivesse uma só ligação?
Qual telefone tocaria?

E se pudesse registrar um último vídeo;
O que gravaria?

E se pudesse salvar só uma pessoa do avião?
Quem seria?

As respostas mostram, na verdade, quem é você.
E se você não gostar de quem você é?

E se você pudesse mudar?

Se você está lendo esse texto.
Você pode.

E se você mudasse?

Qual é a cor do mundo? Parte 1

Luiza acordava sempre com uma sensação estranha. Pouco lembrava dos sonhos que tinha, mas sabia que sonhava, era estranho.

Vez ou outra sentia o calor, o frio, os medos que os sonhos lhe proporcionavam. Assim como sua mãe, era vidrada em astrologia, significado dos sonhos, sonhar com cobra, traição, sonho de sexta para sábado, acontecia de verdade. Sonhos de quinta para sexta, acontecia ao contrário.

Tudo isso Luiza acompanhava com curiosidade, mas o que ela não entendia era a alegria ou a tristeza intensa com que acordava em algumas manhãs. Não tinha um significado, na maioria das vezes nem lembrava do que tinha sonhado, mas os sentimentos eram intensos.

A partir dos 25 anos aquilo começou a tomar tal proporção que começou a refletir na sua vida real.

Vida real?

O que é vida real se perguntava Luiza.

Antes, tinha uma promissora carreira na área de medicina. Queria ser pediatra, depois, ainda mais interessada nos sonhos, voltou seus interesses para a psiquiatria.

Ela precisava de uma psiquiatra, pensava.

Um dia qualquer, como qualquer outro dia que amanhecia, tinha sol, ela acordou, mas algo tinha mudado, ou melhor, nada tinha mudado. Era estranho.

Não, nada tinha mudado.
Mas, tinha que ter mudado.
Ela ainda estava no sonho.

Ficou confusa. Pensou ainda que sonhava estar sonhando. Lembra da sensação de confusão se formando em sua mente.

A mãe lhe dá bom dia.
Ela responde.

Mas, como?
Sua mãe tinha morrido quando tinha 14. Acidente horrível. Sofreu.
Ela estava sonhando. Confirmado.

A mãe lhe dá um beijo e pergunta como fora no outro mundo.
Silêncio.

Outro mundo?

A mãe sorri, achava que era uma piada da filha.
Não era.

Luiza estava perdida.
Afinal de contas, o que estava acontecendo?

Lembrou do Pica Pau, aquele do desenho.
Em um episódio, ele sofria com fome, não podia sair, nevava.
Por que diabos ela estava lembrando do pica-pau?
Um dia, Pica Pau vê uma mesa farta a sua frente.
Se belisca.
Acorda.
A mesa se foi.

É isso.
Se belisca.
Dói.
Então…
Então não estava sonhando.

Mas o que era aquilo?
Estivera sonhando a vida que achava estar vivendo?
A mãe lhe pergunta se está tudo bem?
Se não estava exagerando na dose.

Dose?

Será que bebia muito? Ela pensa.
Um som rompe a imersão de seus pensamentos.

Não conhecia o som.
A mãe começa a falar sozinha.

Luiz observa.

Novo barulho, esse mais próximo.
A mãe pergunta se ela não vai responder.
Estranha.

O que está acontecendo?
Suas mãos agarram seus próprios cabelos como se a dor da puxada fosse lhe trazer as informações que o cérebro negava.
Nada.

A mãe olha com uma cara de preocupação.
Tudo bem? Ela pergunta.
Luiza não responde.
Não, não estava tudo bem. Mas a mãe estava ali, viva, então, sim, estava tudo bem.
Confusão.

Qual o próximo passo.
Abre a boca.
Fala “Te amo”.

A mãe ri.
Está ficando muito tempo no outro mundo, retruca.

“Outro mundo?”
Que porra de outro mundo é esse?

O que é interesse público no jornalismo?

Me formei em jornalismo em 2002, na época a profissão já cambaleava entre jornalões chapa-brancas e o início da concorrência com blogs, na gringa, os grandes portais começam a ganhar a guerra. Jornalismo para mim é sagrado, ele, quando feito de maneira profissional molda a sociedade para o seu melhor. Cobra de quem é preciso cobrar, aponta erros e desvios, volta sua metralhadora de informações para todos aqueles que tentam esconder os fatos.

Basicamente jornalismo de verdade é fazer perguntas que os outros não querem que sejam feitas.
Jornalista é aquele que sendo comunista aponta todos os defeitos do comunismo, sendo capitalismo mostra o seu pior lado.

Jornalista gosta de história, de verdade.

Todos as grandes mudanças do Brasil vieram por meio da imprensa, às vezes atendendo interesses, outras apenas em busca do “furo”, mas mudava, incomodava.

Um dia, chegou Gilmar Mendes e seus pares do STF, atendendo a uma solicitação do patronato e acabou com a exigência do diploma para o exercício da profissão, nesse dia, o jornalismo em entrou em estado de coma e de lá não deve sair. Hoje, 2023, vivendo do passado, alguns até tentam voltar com essa exigência, sou contra, não faz mais sentido, o tempo atropelou o caso. Todos são jornalistas atualmente, sem que ninguém tenha responsabilidade sobre isso.

Ontem, 13 de abril de 2023, me deparei com uma postagem de um conhecido influenciador esportivo do Paraná sobre como o filho de um goleiro condenado pelo assassinato de uma modelo, que leva o nome do pai e da mãe, estava jogando como goleiro do Athlético Paranaense. Batizando o caso como “rolê aleatório”, o influenciador dava nome, sobrenome, posição e, foto. Quando cobrado sobre o motivo daquela divulgação se defendeu dizendo que “logo todos saberiam…”.

Infelizmente ele estava certo, ainda que tenha sido o motivador daquilo. No dia seguinte, os veículos de imprensa começaram a dar a notícia como se aquilo fora de fato notícia. Não é. É fofoca, é lidar com a curiosidade mórbida do ser humano que se refastela na miséria humana diariamente. Divulgar aquele fato é colocar mais um peso nas costas de um moleque de 13 anos que cresceu convivendo com fantasmas que ele não pediu, que viu seu rosto pixelado diversas vezes na tv, toda vez que alguém lembrava de como a mãe fora morta pelo pai.

Ele não tem chance de errar. Ele não tem nem mesmo o direito do anonimato, leva o nome do pai e da mãe, está no futebol na mesma posição do pai.  Assim como o pêndulo da ironia e do paradoxo está no debate público sendo julgado por algo que sua idade não deveria enfrentar.

Ao contrário dos moleques com quem convive, se errar… não puxou o pai. Se for bom… puxou o pai. Se um dia, arrumar briga em campo, algo extremamente comum na sua idade, pode ter puxado o pai. Será que as pessoas que divulgaram isso, ainda que “desejando o melhor” se reponsabilizarão pelo que possa acontecer com o menino e seu psicológico?

Triste o jornalismo que covalesce e logo morrerá de vez.
Não é um lamento, é uma certeza, não há mais o que fazer.

O Início da Guerra Contra a Lua – Parte 2

2789 será lembrado pela história interplanetária por muita coisa, mas não pela escassez de acontecimentos, havia guerras em todos os cantos, era raça querendo dizimar raça, outros querendo se aprimorar e por aí vai, mas do lado terráqueo algo incomodava mais: a sucessão de acontecimentos. A guerra travada contra Marte havia levado milhões de vidas embora, vidas úteis para um planeta em busca de gente, de mão de obra, mas também consumira recursos financeiros e naturais.

Ok, agora a Terra voltava a ser dona de Marte, mas fazer o que com aquilo. Parecia uma vitória meio sem sentido, eram só mais gastos pela frente. Logo haveria mais revolta, afinal, para garantir que nada daquilo voltasse acontecer, ninguém admitia publicamente, mas o plano era deixar o planeta morrer sozinho e com ele, seus moradores.

Lenan Stuart era o chamado “novo marciano”, nascera na Terra mas com apenas dois anos fora descolocado junto com seus pais e sua irmã Diana para o promissor planeta. Há 93 anos os governos enxergavam Marte como um oasis, um posto de recebimento de mercadorias de vários pontos do Universo, já pensavam em como cobrar por passagem, abastecimento, impostos, só esqueceram, como dizia o antigo povo Pruro, de combinar com os russos.

Absolutamente ninguém parava ali e manter aquela estrutura começou a custar muito caro. Ok, graças as novas tecnologias, apenas 24horas de viagem seriam suficientes para ir de um ponto a outro, mas energia plutônica não se encontrava em qualquer esquina, era literalmente necessário trazer de Plutão.

Nesse contexto Lenan foi criado em um mundo de mágoas. Seus habitantes se queixavam que tinham vindo para o planeta vermelho em busca do sonho de enriquecimento, de uma vida tranquila, mas agora, tudo o que encontram era abandono e humilhação. Ora a comida que não chegava, ora peças para o conserto do gerador, ou ainda os intermináveis discursos daqueles humanos poderosos sobre como “o povo de Marte era importante para a causa”.

Lenan era daqueles seres que nascem diferentes, parecem que já viveram umas mil vidas tamanha a facilidade para aprender. Com o passar dos anos, Lenan se tornou um jovem marciano brilhante, com uma mente afiada e uma habilidade incrível para solucionar problemas complexos. Ele passou a dedicar todo o seu tempo livre a estudar e pesquisar formas de melhorar a vida no planeta, e acabou se tornando um líder entre os marcianos.

Certa vez, durante uma reunião com os líderes terráqueos, Lenan apresentou uma proposta ousada: em vez de abandonar Marte, por que não investir em tecnologias e infraestrutura para transformá-lo em um planeta habitável e próspero? A ideia foi recebida com ceticismo, mas Lenan não desistiu.

Ele passou anos trabalhando em sua visão, e finalmente, com a ajuda de outros marcianos e alguns aliados terráqueos, conseguiu colocá-la em prática. Investimentos em energia solar e eólica, construção de estações de cultivo hidropônico, e avanços em tecnologia de purificação de ar e água transformaram Marte em um lugar viável para a vida humana.

E se eu tenho um lugar viável para viver, quem precisa do seus antigos “patrões”, então, em 2765, o comunicado mensal do Presidente da Nova Terra, General August Jimmé simplesmente foi ignorado. Nenhum único aparelho captou o sinal. Marte não precisava mais da Terra… isso não ficaria assim. Lenan sabia que aquele único ato de rebeldia seria extremamente mal visto por Jimmé, só não esperava o que viria a seguir: guerra.

Em um dia como qualquer outro, no ano de 2766, o sol brilhava como sempre, as pessoas conversavam como sempre e então se ouviu o estampido que não poderia ser esquecido. A guerra não declarada havia começado. Os planos eram claros. A retomada do poder em Marte, a destituição de Lenan e sua prisão, além do sequestro de toda tecnologia marciana. Ela voltaria a ser o que sempre fora: um local isolado pertencente aos humanos, nada além disso.

Continua…

O Início da Guerra Contra a Lua – Parte 1

Julius Stranger: o dono do mundo – Temporada Final – Ep3

Já havia 30 dias que chovia dinheiro.
Um dólar, agora, sem valor. Governos por todo o mundo organizaram equipes que divididas juntavam e queimavam a grana como podiam. Movimentos ecológicos até tentaram protestar no começo, afinal a fumaça das fogueiras, as cinzas tomavam as cidades, mas, na falta de ideia melhor, ou capacidade em reciclar tudo aquilo desistiram.

Július já não parecia um ser humano, tomado pelo horror do fizera, virava noites tentando acabar com tudo aquilo. Não tinha coragem de tentar mandar outra mensagem. Pensou em mandar um simples “pare” ou “não faça!”, mas a variável de consequência era tão absurda que desistiu.

Tentava revirar o passado em busca do momento exato em que tudo deu errado, mas, sem saber para onde olhar, estava perdido. Era tempo demais para ver. Estava, talvez pela primeira vez, perdido. Conforme prometera depois de sua “quase prisão”, manteve contato com o Presidente, mas mentiu, disse não saber o que estava acontecendo.

Afinal, ele mesmo fez aquilo?
Não conseguia entender como.
Parecia um pesadelo do qual não conseguia sair.
Continuaria a trabalhar, interrogando. Já até pensava em inventar uma máquina do tempo, chegou a tentar em um daqueles momentos em que se está tão cansado que o desespero domina as ações, mas, desistiu, ou caiu de cansaço, não lembra.

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Depois do sumiço de Cameron, a vida de Linda virou de cabeça para baixo. Via-se cercada por fantasmas, e não, não é figura de linguagem, ela literalmente ouvia sussurros de Cameron. Talvez fosse a menta aturdida, talvez fosse o arrependimento.

O fato, porém é que estava presa, sem perspectiva de uma sentença ou direito a defesa. O projeto era secreto, ela sabia disso quando entrou, então, oficialmente, nunca existiu. Se nunca existiu, como ela poderia ser condenada ou inocentada de algo? O governo pensava diferente. Então, até sabe Deus quando, ela estava condenada, talvez para sempre.

O sussurro em sua cabeça só dizia:
– Quero voltar. nada mais.
– Quero voltar.

Linda sempre foi inteligente e sabia que as pessoas não desapareciam simplesmente, Há motivos, há pistas pelo caminho, um caminho a ser seguido, mas esse não era o caso. Ela teria desafiado as leis da própria física. Sabia que as luzes vistas no final eram reminiscências da quarta-dimensão, era exatamente o que ela esperava que acontecesse, de certo modo, o experimento foi um sucesso, mas o desaparecimento de Cameron não fazia sentido. A física impedia o transporte de massa entre dimensões, estava completamente perdida.

Passos.
Passos mais próximos.
A porta se abre. Samus entra.

– Dra. Harrison?
– Se veio até aqui sabe que sou eu.
– Quero falar com você sobre o Book Back
– Já falei tudo que sabia para os abutres, não tenho mais nada.
– Li seu depoimento e algo faltou.
– O que é, mas seja rápido, tenho salão às 4.
– Você disse aos investigadores que esperava que aparições de outra dimensão fossem visíveis naquele momento, e que por isso não ficou impressionada com as luzes, isso está correto?
– Sim, sem novidades.
– Mas, de onde vieram as luzes, a ideia era criá-las ou reproduzi-las?
– Ora, virei Deus agora? Nem uma coisa, nem outra, o objetivo era espelhar.
– Não entendi.
– Quem é você mesmo?
– Samus Davidson, Engenheiro Senior da Nasa e sua melhor chance de sair daqui.

“Sair daqui?” Linda pensou. Será que haveria então uma chance. Eles deviam estar muito ferrados para procurá-la. Talvez fosse uma boa ideia colaborar, mas não muito.

– Em um microscópio, o que vemos? Coisas que sempre estiveram ali mas nosso olho não alcança, não criamos nada, simplesmente passamos a ver. Com meu experimento é o mesmo. As luzes que o senhor se refere estão aqui nesse momento e em todos os lugares, assim como milhares de outras coisas que não tive oportunidade de ver, mas estão lá, só é preciso a energia certa, o modo certo para fazê-los aparecer.
– Entendo. Seria possível massa passar entre dimensões?
– Sempre teorizei que não, mas como sabemos, ou Cameron junto com cada célula do corpo e do uniforme que vestia foi evaporado por uma força que desconhecemos, ou ele está nesse momento em outra dimensão, que aliás, de vez em quando, consigo ouvi-lo, mas nesse ponto, pode ser minha imaginação, posso estar ficando louca.

Samus analisa Linda. Pode ser a genialidade em pessoa. Pode estar realmente louca, mas o fato é que ele não pode discutir em pé de igualdade com ela, não faz ideia de como ela fez o que fez.

– A senhora tem interesse de sair dessa cela e voltar para o trabalho?
– É tudo o que mais quero. Mas, qual é o caso, posso saber?
– Saberá tudo em breve, vou providenciar sua saída.

A porta se fechou, Samus saiu e Linda ficou sozinha com seus pensamentos. O que poderia estar acontecendo a ponto “Deles” recorrerem a ela. Sabia que era esperta, mas comandava um projeto menor, algo que os grandões não entendiam e não davam valor e agora, isso.

Mais tarde naquele dia, ela andava pelos corredores e olhares julgadores dos demais. Podia quase ouvir os pensamentos:

– Assassina!

Não se importava, nunca se importou, sempre enfrentou barreiras para chegar até ali, homens fizeram muito mais do que ela e eram reconhecidos por muito menos, direita, esquerda, reto. Queria correr, ver a luz do dia, mas não estava nem livre nem solta. Era uma prisioneira, livre, optou por pensar assim.

Uma porta se abre, lá estava Samus e uma figura ao seu lado, não acreditou, era o Presidente.

– Senhora Harrison, muito prazer.

Ficou muda. Eles deviam estar muito ferradas.

– A senhora já foi atualizada dos acontecimentos?
– Não, senhor.

O presidente olha com reprovação para Samus.

– Vou ser direto. Está chovendo dinheiro e nós precisamos que isso pare.

Linda olhou com um misto de interrogação, humor, descrença.

– Desculpe, senhor Presidente, o senhor disse que está chovendo dinheiro?

Samus toma a palavra.

– Faz mais de 30 dias que começou a chover notas de um dólar incessantemente. Elas “nascem”, nem sei ao menos que termo usar, a 10 mil pés e caem como chuva. Fora isso, nada mudou, o clima é o mesmo, a chuva normal segue acontecendo.
– Entendo, por isso estou aqui, o senhor acredita que isso venha de outra dimensão.
– Está aqui por que não sabemos que caminho seguir, então, vamos seguir todos, e o seu, é um deles.

O Presidente volta a falar

– Senhora Harrison, se conseguir nos ajudar com isso, terá o perdão presidencial e uma carreira brilhante pela frente, será conhecida por seus feitos. e não por seus erros. Agora, preciso ir, boa sorte.
– Posso sair?
– Da cela, sim, das instalações, não.
– Que lugar é esse.
– É o lugar que deve ficar.

O Presidente vira as costas e sai pela porta lateral seguido por seu secretário e por um de seus seguranças.

– Então, Dra. O que precisa para começar a trabalhar.
– Da minha sala.
– Isso é impossível no momento, mas posso fazer a sua sala vir até você ainda hoje.
– Ok, ok. Onde vou trabalhar?
– Aqui. Terá todos os recursos que necessitar.
– Vou deixar que se atualize enquanto suas coisas chegam. Na pasta “123”, me perdoe a simplicidade, vai encontrar todas as pesquisas que fizemos até hoje. Todas as nossas tentativas, enfim, verá onde fracassamos para não perder tempo.
– Ok, ok.

Samus sai, a porta se fecha e linda fica um minuto incrédula.
– Chovendo dinheiro?

Parecia um filme de baixo orçamento ruim, mas estava de fato acontecendo.
Teria ela causado essa brecha? Aliás, era uma brecha?
Linda percorre as redes sociais e principais canais de notícias. Sentia falta disso, se ouvir o presidente falar sobre falta de dinheiro era estranho, ver a cena era ainda mais… A porta se abre, a primeira caixa de seu antigo escritório chega. Era hora de trabalhar.

 

Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

Temporada Final:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3


Julius Stranger: o dono do mundo – Temporada Final – Ep2

Chovia dinheiro, era simples assim.

Era imbecil, parecia ficção científica, mas sim, chovia dinheiro. O caos da manhã, mudara.
Antes as pessoas se matavam por dinheiro, agora o problema era excesso dele. Não parava de chover dinheiro.
Alguns carros já estavam submersos.
Havia fogo em todo lugar.

O governo se apressava em dizer que aquele dinheiro era falso.
Um ataque de uma nação inimiga para desestabilizar a economia do mundo todo.
As notas de $1 perderam valor. Um decreto anunciava que elas não teriam mais valor.

Mais revolta.
Os que conseguiram depositar o dinheiro antes estavam, em tese, garantidos.
O problema seguia, continuava chovendo dinheiro.

Samus Davidson era engenheiro Senior da Nasa há mais de 20 anos.
Ela já sabia que o dinheiro não vinha do espaço, não vinha da estratosfera e também não vinha de aeronaves, ele simplesmente aparecia a cerca de 10 mil pés de altura. Não havia uma explicação que pudesse ser dada:

– Senhor, o presidente está na linha, avisou a secretária.
– Diabos com o presidente.
– Eu estou na linha Davidson, avisou o Presidente.
– Desculpe, senhor, estamos sob muita pressão.
– Ok, o que tem pra nós?
– Nada, senhor. Absolutamente nada. O dinheiro aparece do nada.
– Mas isso é possível?
– Em tese, não, mas como estamos vendo durante todo o dia, sim.
– Temos como parar?
– Não tenho essa resposta. Em tese, novamente, seria preciso uma grande quantidade de fogo lançado continuamente, algo insustentável.
– Qual sua sugestão?
– Senhor, vai parecer tolo, mas o senhor lembra do Projeto Book Back ?
– Não posso falar sobre isso. Mas o que tem?!
– Então, senhor, essa situação me lembra vagamente o caso Cameron.

Cameron Presley Yard, um jovem recruta de 19 anos, tinha entrando no exército porque precisava de emprego, a família passava necessidade. Sempre fora ágil, era o soldado ideal para o projeto experimental Projeto Book Back.

O nome só era “sonoro” como argumentava Linda Harrison, mulher alta, morena e de um sorriso inconfundível, mas que confundiu a mente de Cameron que não conseguiu dizer nenhum “não” a Linda.

O projeto basicamente consistia em entender as diversas peculiaridades entre as dimensões. Nada de ficção científica, basicamente, primeira, segunda e terceira, já conhecidos pela ciência.

– Cameron, preciso te pedir algo, disse Linda vestindo apenas uma camiseta surrada.
– Você literalmente não pede nada, respondeu Cameron, sem nem mesmo a camiseta.
– Amanhã, no Book Back, vou tentar algo novo, mas não aprovado pelo General, quero que você participe.
– É perigoso?
– Eu jamais colocaria você em perigo, Cameron.
– Ok, então porque não é aprovado?
– Burocracia. Esses caras só sabem lidar com regulamentos e não com ciência.
– O que vai ser?
– Basicamente, vou tentar ajustar a máquina para que você consiga ver algo na quarta dimensão. Só isso.

Enquanto mentia para Cameron sobre os perigos do experimento, Linda também pensava em como ganharia se conseguisse sucesso, ainda que de fato, ela não tivesse licença para tal.

O dia amanheceu estranho, a capsula de obervação de dimensões insistia em não abrir.
Uma chave, outra chave e nada. Ela se negava.
Linda estava mais agitada do que o normal. Conhecida por seu humor terrível, não tirou os olhos da tela e gritava com a equipe. Cameron esperava sua vez, queria dar um beijo de boa sorte, mas sabia que não podia. Ela era a chefe, ele o empregado.

Depois de muita insistência, uma nova chave, enfim, a capsula abriu. Cameron entrou e o que se seguiu é motivo de segredo de estado para todos os presentes.
Após ajustar a máquina para protocolos não autorizados, Linda apertou o imponderável. A tecla enter os levou a lugares não imaginados e pois fim a uma vida.

Após o “enter” luzes começaram a piscar aqui e ali, não lâmpadas, luzes.
Não em locais específicos ou com energias, específicas, mas sim, em vários locais. Apareciam e desapareciam.
Todos encantados, assustados e de repente uma voz lembra de algo:

– Cameron!

Aonde estava Cameron. Ele havia sumido.
Simplesmente, sumido.

Continua…

Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

Temporada Final:
Capítulo 1

O Museu do Amanhã 2 – Final

Antony G. Silverstone.

Esse era o nome que assinava o projeto, quem era Antony? Não demoraria muito para Jane descobrir. Apenas alguns metros dali encontrava-se uma seção toda dedicada aos notáveis, Jane presumiu, sem muito mérito, que alguém que pudesse ter um livro em uma biblioteca daquele tamanho, deveria ser uma notável.

Antony G Silverstone, nascido em Berlim, em 2023, físico nuclear, o único da história a ganhar 3 vezes o Nobel.
Sem falsa modéstia, assinou 4 autobiografias, outro recorde.
Entre seus trabalhos mais famosos estava aquele que versava sobre a manutenção de urânio em pequenas garrafas de cobre e refrigeradas a apenas 5 graus.

Algo parecia familiar.
Jane já havia visto isso em algum lugar e sabia onde: o museu.

Já era noite, mas Jane tinha feito de Manhattan seu local seguro.
Aqueles que a conheciam nem se deram conta da sua falta, costumava demorar dias até aparecer novamente.

Abriu a enorme porta do museu, sozinho, um mausóleo empoeirado que ainda mantinha o ar refinado dos tempos de glória, um enorme dinossauro a recebia em seu esqueleto, e um quadro enorme do Presidente Michael B. Morgam pairava sobre todos, assim como um grande ditador o faz quando não quer concorrência.

Passou pelas enormes salas do museu, avistou várias obras de arte cobertas pela censura religiosa imposta pouco antes da final de tudo, até que chegou a sala que buscava, a sala AGSilverstone.

Lá, enormes quadros de sua infância na Alemanha, alguns, livros, um pequeno aparelho com tela na frente que não parecia ter muita utilidade e lá estava ela, a garrafa. Ela era pouco maior que o seu braço, jazia com enormes fios elétricos ligadas. Alguns botões, um verde chamou a sua atenção, era quase um convite.

Pressionou.

Luzes que ela nem sabia estarem ali começaram a piscar, uma música radiante, alta tocou.
Letras começaram a aparecer na parede.

Parabéns, você chegou na fase final.

Alguém, dessa vez de carne e osso, comemorava.
Havia terminado o jogo.

Na tela, a imagem congelada de uma Jane confusa.
Estava viva, mas era controlada.
Ou controlava?
Não era possível saber, mas sim, uma pequena lágrima em forma de pixel se formou, como se entendesse sobre seu destino trágico. Era prisioneira de um mundo cruel em que não poderia escapar.

O museu do amanhã

Fazia frio na Ilha de Manhattan. Era uma manhã qualquer do inverno em uma área abandonada desde a grande bomba. Não havia qualquer indício de vida, mas todos sabiam que o simples fato de estar ali era motivo de prisão sem direito a fiança.

Jane adorava aquele local, lembrava de um tempo em que a cidade era viva, que havia esperança até o dia que a bomba caiu e destruiu tudo. O engraçado é que o “destruiu” tudo é metafórico, a única coisa de fato destruída era a unidade de enriquecimento de urânio escondida, sob o olhar de todos no centro de NY.

Alguém errou alguma coisa, Jane tinha certeza disso, mas o governo afirmava que era uma agressão Russa. Nunca se saberia a verdade, mas a guerra era inevitável, aconteceu, destruiu todo o pais, menos a Ilha de Manhattan, que apesar de estar com os prédios intactos, não poderia ser habitada, afinal a radiação era muito grande.

Há 42 anos a grande bomba tinha caído, Jane, agora com exatos 42 anos pensou que não havia muito a perder estando ali. A vida era péssima, a mãe havia morrido durante seu parto, Jane era orfã, e ser orfã em condições normais já era difícil, naquela, era uma provação. Em dia de março, Jane perambulava pelas ruas, sem rumo, como todos os dias, aliás, e viu atrás de uma grande mata um cano, entrou, não tinha o que perder.

Na outra ponta, uma cerca arrombada denunciando a presença de outras pessoas e uma cidade inteira, sem marcas de explosão, sem corpos pelo chão, apenas “deixados”, prédios, apartamentos, casas, tudo intacto, era um verdadeiro parque de diversões para Jane. Ela sabia, havia radiação ali, se alguém a visse no local, ela seria banida para sempre.

No começo, apenas curiosidade. Encontrou uma Wallgreens com produtos, vencidos, mas que ela nunca tinha visto antes. Comeu, não passou mal. Talvez uma dor de barriga, mas nada além, aquilo trouxe confiança. Iguais aquele local, uma infinidade, de outras marcas também. Se perguntava quanto tempo mais iria ficar viva, afinal, todos sabiam, pisou em Manhattan, morto está.

Um ano se passou e Jane começou a pensar que talvez não morresse, que talvez o governo estivesse mentindo sobre o local. Não sabia, mas tudo aquilo era bom demais para ser só dela. Mas era. Seu local preferido era a biblioteca, lá havia histórias e conhecimento ilimitado ela aprendia e se perguntava: por quê?

Um dia, olhando nas gavetas abandonadas, encontrou um diário, nem conhecia o termo, mas sabia que ali estava um relato do dia a dia. A vida de uma pessoa que vivia aquela época, lia aquelas páginas com afínco, desde que encontrara seu paraíso sua leitura havia melhorado e muito, então, conseguia ler perto de um livro por semana, sem dificuldade, rápido, de repente a velocidade diminuiu e ela ficou presa em uma frase:

“Human Off Project”

Continua…

Julius Stranger: o dono do mundo – Temporada Final – Ep1

Sempre temos certeza de quem somos?
Somos capazes, por exemplo, de saber como reagiríamos a uma situação antes mesmo dela acontecer?
A resposta comum é, sim. A resposta certa é, não.

Quando Julius decidiu colocar aquela nota de dólar, aquela única dólar no cofre seu pensamento, ainda que não manifesto, já tinha bolado um plano, e ele era simples. Se a mensagem do dólar funcionasse, iria parar a si mesmo, nunca inventar a máquina. Iria escolher ter uma vida. O dólar foi apenas um teste.

Diz a filosofia que um mesmo homem não pode tomar banho em um mesmo rio duas vezes, ambos mudaram no momento em que o tal banho terminou. Nada poderia ser mais verdade. Julius não contou com um adversário absolutamente insólito, e praticamente invencível: ele mesmo.

Quando disparou a mensagem para o universo, Juliu pensou no Julius do presente, com experiência e vivência suficientes para saber o significado daquela ação, esqueceu dele mesmo no passado. Daquele Julius benevolente que buscava ajudar a todos.

Quando o Julius de 15 anos do passado recebeu a mensagem a entendeu de maneira extremamente diversa. Pensou se tratar de um conselho do futuro, algo como “e se todos tivessem acesso ao dinheiro?”. Ele não sabia. Como poderia? O erro de Julius lhe custaria muito. Ele descobriu isso no dia seguinte.

Julius acordou e imediatamente soube que algo havia mudado. Não sabia exatamente o que era mas o arrepio que sentiu denunciou a situação, ele nem sabia explicar, mas sentia uma sensação estranha no ar.

Se levantou, e viu o caos. Pessoas correndo, gritando, se pegando por dinheiro. Ficou atordoado. Lembrou do seu plano, do dólar no cofre do banco. Tudo parecia confuso, como aquilo era possível?

Tinha ido longe demais? Não poderia desfazer tudo, era tarde demais. Era?

Precisava fazer alguma coisa antes que … o quê? Nunca conseguira manifestar o futuro em forma física, isso nem mesmo é possível por qualquer lei conhecida, então…como?

Mas como?

Como?

Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4

 

Atrasar contas de propósito?

Muitas vezes quando escrevo por aqui sou “acusado” de viver em mundo de fantasias em que tudo funciona, em que o ser humano é leal e vive nas regras, e, admito, boa parte dessa crítica é verdade, mas há coisas que são simplesmente inegociáveis, e, atrasar contas de propósito é uma delas.

No livro “Dobre Seus Lucros” de Bob Fifer em sua etapa 37, traz uma receita de como melhorar o seu caixa rapidamente, e a dica é: atrase contas propositalmente, só pague quando cobrado por pelo menos duas vezes.

Faz uns bons anos que administro empresa, impostos, salários, benefícios, férias, décimo terceiro, aluguel, limpeza, equipamentos, etc, etc, etc. Tudo isso não vem de graça. Tudo isso só é pago quando recebemos dos nossos clientes. Simples assim.

Se eu não recebo quando há previsão de recebimento. Perdi as contas do número de vezes que eu e meus sócios, Boby e Hallana ficamos sem receber para honrar compromissos. Quantas vezes deixamos de aumentar salários ou contratar mais pessoas porque o “a receber” era muito grande destruindo o planejamento.

Sempre que, compro algo, principalmente de empresas menores, lembro que, assim como minha empresa, essa também tem todos os compromissos para saudar, toda uma cadeia para sustentar, então, só compro se de fato posso pagar.

Ok, vão me dizer que o fluxo de caixa isso, que o caixa saudável aquilo, mas, desculpe, não vão me convencer. Para mim, as pessoas são mais importantes.

Ah, e antes que falem sobre grandes empresas, bancos que já prevem uma perda em seus balanços e tal, o livro não fala sobre isso, fala sobre o seu fornecedor de cadeira, cartucho de impressora ou sei lá o que mais.

Então, com a devida vênia, e ainda imerso no meu mundo utópico, esse capítulo do livro é simplesmente uma afronta ao que viver em sociedade significa. Não levo, não vou e convido aos demais a não levarem a sério.

Manual de instruções para esquerda e direita: Como não ser manipulado?

Ladys and Gentlemans, é receita de bolo. Só seguir.
– Ah, mas é muito difícil.
– Claro que é, se não fosse não teríamos tanta gente manipulada.

– Ah, mesmo que eu não seja, meu vizinho, amigo, filho, tio, esposa, marido, colega de trabalho será.
– Problema dele.

– Ah, mas vai rolar muita discussão.
– Pese. Vale a pena a companhia dessa pessoa? Se sim, não discuta, ouça, pergunte se ele quer ouvir outro ponto de vista. Se ele disser sim, fale, se ele começar a interromper com as “verdades” dele, mude de assunto e fale sobre algo que seja um pensamento uníssono entre vocês, algo como passas no arroz, o atacante do seu time ou a certeza que a sua sogra não é uma boa pessoa.

Tá, vamos lá, para não ser manipulado, é importante desenvolver habilidades críticas de pensamento e aprender a analisar as informações de forma objetiva. Isso inclui:

  1. Verificar a fonte: Certifique-se de que a informação vem de uma fonte confiável antes de acreditar nela.
  2. Analisar as intenções: Pense sobre por que alguém poderia querer manipulá-lo e busque informações adicionais para obter uma visão mais completa.
  3. Considere outros pontos de vista: Não se limite a apenas uma perspectiva. Busque fontes e opiniões diferentes para obter uma compreensão mais ampla do assunto.
  4. Seja cético: Desconfie de tudo o que parece muito bom para ser verdade e questione as informações que recebe.
  5. Mantenha-se informado: Mantenha-se atualizado com as últimas notícias e tendências, para que possa identificar manipulações e mentiras.
  6. Converse com outras pessoas: Compartilhe e discuta as informações com outras pessoas para obter uma visão mais ampla e outras perspectivas.

Cooptação

co·op·ta·ção

(latim cooptatio-onis)
substantivo feminino

 Ato de cooptar.

Li, vi, assisti, sei lá em algum lugar que a culpa das constantes brigas que estamos tendo é culpa da elite emergente do Brasil que trocou o ato de jantar pelo ato de “churrasquear”. Ainda que tenha um “quê” de preconceito, a simbologia me parece muito correta.

A ideia é a seguinte: antes os grandes poderosos do país, as pessoas em geral, se reuniam em torno das mesas para jantar e ali aproveitavam para discutir, falar, divergir e convergir, não se levantava da mesa quando o assunto não agradava, simplesmente se ouvia e, em seguida, a opinião contrária era colocada.

Com a troca da janta pelo churrasco, os talheres foram trocados pelas mãos, afinal, pão com carne e maionese não requer uma sofisticação maior que essa. As grandes mesas foram trocadas por pequenos grupos que, em pé, comendo e bebendo, falavam, expunham sua opinião e quando alguém no grupo não gostava do que ouvia, simplesmente trocava de grupo e assim sucessivamente, acabou o confronto.

discussão

discussão | n. f.
substantivo feminino

1. Exame de uma questão em que tomam parte várias pessoas.
2.  Polêmica.
3. Controvérsia.
4. Questão.
5. Desinteligência.

Trocamos um mundo que discute por um mundo que aponta dedos. Discutir não é sobre brigar. Discutir é sobre conversar, ponto de vista. Discutir é sobre ouvir algo que lhe pareça absurdo com a mesma tranquilidade que se ouve algo que se concorda, discutir é não levantar da mesa quando não se concorda com algo, mas sim, aguardar a finalização da sentença e, em seguida, expor a sua visão. No final, A não concorda com B, porque o próprio orgulho não deixa, mas isso não impede que a semente da mudança seja plantada, apenas um “e se …”.

verdade

verdade | n. f.

(latim veritas-atisverdadesinceridaderealidade)

substantivo feminino

1. Conformidade da  ideia com o  objetodo dito com o feitodo discurso com a realidade. ≠ ERROILUSÃOMENTIRA

2. Qualidade do que é verdadeiro. =  EXATIDÃOREALIDADE

3. Coisa certa e verdadeira. ≠ ILUSÃOMENTIRA

“A Verdade saindo do poço” Jean-Léon Gérôme, 1896.

4. [Por extensão]  Manifestação ou expressão do que se pensa ou do que se sente. = AUTENTICIDADEBOA-FÉSINCERIDADE ≠ MENTIRA

“Segundo uma lenda do século XIX, a Verdade e a Mentira se encontram um dia. A Mentira diz à Verdade:” Hoje é um dia maravilhoso “! A Verdade olha para os céus e suspira, pois o dia era realmente lindo. Eles Passaram muito tempo juntos, chegando finalmente ao lado de um poço. A mentira diz à verdade: “A água esta muito boa, vamos tomar um banho juntos!”

A verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e descobre que é realmente está muito gostosa. Eles se despiram e começaram a tomar banho. De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge.

A Verdade, furiosa, sai do poço e corre para encontrar a Mentira e pegar suas roupas de volta. O mundo, vendo a verdade nua, desvia o olhar, com desprezo e raiva.
A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo-se nela, sua vergonha. Desde então, a Mentira viaja ao redor do mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque, em todo caso, o Mundo não nutre nenhum desejo de encontrar a Verdade nua”.

A verdade não é sobre ter razão ou não, é sobre fatos. Existe o meu lado, o seu lado e a verdade, implacável.
Cada um de nós tem a sua história e sua luta. Cada um de nós luta com traumas ou experiências pessoais que tornam esse ou aquele fato mais confortável.
Cada um de nós encontra seu porto seguro de maneira diferente, ele está sempre lá. É bom pertencer. É bom encontrar eco para nossas verdades.

O que é absolutamente igual em todos nós é o fato incólume e, muitas vezes inexplicável, de que, não importando como somos, quais são nossas crenças, há pessoas que nos amam, e assim vão continuar em dias fáceis e difíceis. Essas pessoas não nossas inimigas, ainda que falem aquilo que não queremos ouvir, não concordamos ou simplesmente repudiamos.

respeito

respeito | n. m. | n. m. pl.

1ª pess. sing. pres. ind. de respeitar

(latim respectus-us ação de olhar para trás espetáculoatenção)

substantivo masculino

1. Sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém.

2. Apreçoconsideraçãodeferência.

3. Acatamentoobediênciasubmissão.

4. Medoreceiotemor.

Como respeitar aquilo que nos afronta?
Fácil.
Respeitando.
Ok, não é fácil. Mas é obrigação. Respeitar é se dar ao trabalho de ao menos tentar entender. Respeitar é tentar. Respeitar é colocar numa balança o “quem” junto com o fato. Respeitar é simplesmente fazer aquilo que aprendemos (a maioria de nós):  ouvir quando for hora de ouvir, falar quando for hora de falar. Dois ouvidos e uma boca, lembra?

Não há facilidades em uma vida de sociedade.
Não há tranquilidade na divisão bélica.
Mas, sempre há de haver, empatia.
Ela é chave.
Empatia.
Procure no dicionário.

 

Mudar as perguntas, essa é a chave da gratidão.

O enredo é invariavelmente o mesmo: você nasce, segue seus pais em costumes e cultura, até que resolve o que fazer da vida e, segue o fluxo ou o muda totalmente. Lembro de ter lido em um livro, juro pra vocês que não lembro o nome, mas era de um marqueteiro político que um dia esteve envolvido com a Operação Lava Jato, enfim, ele contava que quando era criança sua mãe acordava ele e seus irmãos às 3h da manhã para a faxina da madrugada. O que para nós, parece estranho, para ele sempre foi o normal. Até que um dia, ele descobriu ao dormir na casa de um amiguinho que, lá, não havia a faxina da madrugada, um mundo se abriu.

Ok, nem todos nós fomos “abençoados” com a faxina da madrugada, mas algo que 99% das pessoas tem em comum é o foco e, infelizmente, ele está no problema. Normalmente, quando algo sai do nosso controle perguntamos:

– O que aconteceu?
– O que há de errado aqui?

Assim, desde cedo, como uma consequência não intencional,  aprendemos a focar no negativo, então vemos continuamente o negativo. Isso faz com que pessoas objetivamente muito bem-sucedidas não fiquem totalmente satisfeitas com suas vidas, com elas mesmas etc.

Se você duvida disso, dessa força “estranha” que jogamos para o universo, faça um teste:

Separe dois vasos e plante feijões ou uma muda qualquer em cada um deles. Separe-os fisicamente. Diariamente vá até um dos vasos e diga apenas elogios, “como você está crescendo forte”, “como seu verde parece saudável”, “como uma planta tão linda pode vir de um broto tão pequeno?!” Na outra planta, apenas critique. Depois de 30 dias, veja o resultado. (Eu fiz isso muitas vezes. E sempre funcionou!)

Eu sei, eu sei. Não perece nada científico, mas funciona, dá certo. Funciona com planta, funciona com gente. Pessoas, amigos, parentes, funcionários incentivados dão mais, se saem muito melhor que os apenas criticados.

Então, como podemos aproveitar esse conhecimento para gerar um bom sentimento em nós mesmos? Fazemos a pergunta certa:

“O que há de bom nesta situação?”
“O que há de bom neste membro da equipe?”
“O que há de bom na minha empresa?”
“O que há de bom na minha vida?”
Ou preenchemos a declaração certeira: “Sou grato por ________.”

Faça disso uma prática diária. Eu faço isso todas as manhãs. Uma boa dica para se lembrar de fazer isso é criar um gatilho, algo que apenas olhando você tome a ação.

Um gatilho fácil, neste caso, é um pedaço de papel no banheiro com a palavra gratidão ou apenas escrito “lembre”. Ao vê-lo todas as manhãs, diga a frase “Sou grato por __” cinco vezes com um final diferente a cada vez. (Você não precisa dizer isso em voz alta; você pode dizer isso em sua mente.) Usar um gatilho permite que você crie um hábito facilmente.

Se você fizer essa prática de gratidão regularmente (não se preocupe se perder dias aqui e ali), sua visão de sua vida e de você começará a mudar para melhor. E logo depois, você começará a ter um desempenho melhor na vida.

Ao fazer isso, não significa que de repente você vai ignorar todas as áreas de sua vida ou de sua empresa que precisam de melhorias. Exatamente o oposto. Significa apenas que você trará uma atitude de alegria em vez de desespero ao abordar essas áreas. A vida e a construção de uma empresa não precisam ser complicadas ou dolorosas. A gratidão diária nos ajuda a perceber isso.

A conversa com o chuveiro

Poucos se dão conta, mas o chuveiro é um paciente psicólogo.
Ele não te julga.
Ele não te pergunta.
Ele não culpa seus pais.
Basicamente, o chuveiro faz perguntas socráticas sem uma só palavra.
Você chega às conclusões sozinho.
A água cai e você pensa.
A água cai e você resolve sua vida.
A água cai e a realidade some.

O chuveiro também é multifacetado.
Ele é um ouvinte fiel para as suas canções desafinadas.
Não importa o ritmo, ele deixa você cantar.

Também, é discreto. Jamais conta aventuras proibidas para menores.

O chuveiro é um bom confidente.
Talvez por não falar. Talvez por não julgar.

Tratar adulto como criança. Se identificar como criança. A arena está fechada para você!

Eu tenho uma filha pré-adolescente de 13 anos e um menino de 9 anos, ainda os trato como crianças:

– Tomou banho?
– Lavou a mão?
– Puxou a descarga?
– Estudou para prova?

É sobre isso e está tudo bem, esse é o papel, mas e quando esse papel se posterga além do tempo e invade as trincheiras profissionais e adultas? Quando aquele que devia buscar o aprendizado, a superação, o conhecimento, o destaque na própria profissão fica aguardando alguém perguntar sobre o estado do próprio bumbum ou, ainda pior, ameaça “contar tudo para a mãe”? Afinal, é trabalho da liderança, do gestor, do chefe, do colega de trabalho se tornar babá de adulto? Qual é o limite?

Vamos aos fatos, e juro que vou tentar não entrar no campo da geração, mas, e sempre tem o “mas”, é preciso colocar uma lupa sobre nossas próprias vidas e atitudes. De um lado nós temos adultos que ainda não entenderam de maneira efetiva as mudanças que estão ao nosso redor, mas estão lá, ainda que muitas vezes, sob a marca da reclamação, está lá, firme, aprendendo.

Agora, há uma galera diferente, acostumada com o “venha a mim o Vosso reino”, acostumado com resoluções em poucos segundos. Pessoas acostumadas com os comentários críticos e sem compromisso com a veracidade ou a repercussão do mesmo. Esse profissional já está no mercado, este profissional está atuando, e, infelizmente, está encontrando um enorme números de “babás corporativas” que só fazem alimentar ainda mais esse pseudo ego infantil.

Nesta vertente, o que temos são tempos difíceis a frente. Primeiro, porque esses profissionais infantilizados, em regra, se sentam e costumam chorar e culpar nas primeiras dificuldades, não há a busca pela resolução, mas sim pelo culpado, que, claro, nunca é ele. Os tempos também se mostram desafiadores por conta do sentimento de “abraço” de não discordância em que vivemos. Fruto das bolhas da internet, não há mais lugar para o contraditório, e para a mínima possibilidade de o erro estar nesses profissionais, não. São acostumados a bolhas de solidariedade e compreensão, não de discussão, são acostumados a estrelas avaliativas em que os pequenos poderes parecem ganhar corpo no melhor estilo “você sabe com quem está falando?”.

Há que se pontuar: no intuito de “agradar” esse infantilizado profissional, os ambientes de trabalho ficaram mais divertidos, afinal, agora temos mesas de open bar, frutas e ginástica laboral nos escritórios, mesa de ping pong, pipoqueira, refrigerante e cerveja e, claro, um cantinho para o “merecido” descanso.

Ocasionalmente, e juro que é só de vez em quando, dá até inveja desse bebezão.
Gugu dadá!?

Julius Stranger: o dono do mundo – 2t Ep4

O plano era simples:

Tentaria enviar para si mesmo no passado um pedido: guardar um dólar em um cofre de um banco. Simplesmente isso. Em suas contas, isso não mudaria nada, mas, ele sabia, algo seria mudada, ele só ainda não detectara essa mudança, afinal, esse cofre deixaria de pertencer a alguém, deixaria de guardar algo.

Havia também o risco de sua versão no passado simplesmente pensar estar louco, então, uma linha de pensamentos e ideias significativas iria se perder, então o reflexo temporal transverso poderia se apresentar de maneiras que não poderiam ser previstas. Simplesmente tudo, a partir do momento do envio da mensagem poderia deixar de existir, sumir, melhorar ou piorar.

Era arriscado, talvez arriscado demais, mas também era, não fazer nada. Não tinha mais dúvidas. A simplicidade do plano era sua fortaleza, conhecia a si mesmo razoavelmente bem para saber que a chance de enlouquecer era pequena.

Começaram os preparativos.

Funcionava de maneira pouco ortodoxa, afinal, iria mandar a mensagem para o universo, qualquer pessoa com a mesma frequencia poderia acessar a mensagem, por isso, a ideia do dólar, ela basicamente não conseguiria mudanças drásticas, ainda que outras fontes pudessem captar a mensagem. Já tinha descoberto há muito tempo que o universo e seus acontecimentos de tempo e espaço estavam interligados. Basicamente, tudo que já aconteceu, ou que ainda acontecerá são vibrações constantes que, decodificadas da maneira correta se transformariam em imagens entendíveis aos olhos humanos.

Entendendo que o tempo não obedecia à ordem cronológica preconizada pelo humano, quando a mensagem do dólar fosse jogada para o universo, se misturaria com as outras infinitas, então, o plano consistia em enviar e deixar que ela fique disponível sempre, o Julius de todos os passados, assim como o do presente, e também do futuro veriam e poderiam codificar a mensagem, mas somente um deles tomaria uma atitude, o primeiro a receber, os demais já teriam a lembrança desse acontecimento, por isso, descartariam a execução da tarefa.

Passava pouco da meia-noite.
O silêncio estava quebrado por um som de turbina com um tilintar estranho.
Uma chuva de dólares começara a cair no planeta Terra.

Os locais que já tinham a luz de sol do dia seguinte não conseguiam entender o que era aquilo.
A polícia tentou isolar áreas ou evitar que se pegassem os tais dólares, mas viu ser inútil.

Brigas aqui e acolá se somavam.
A maioria dormia.
Julius, dormia, levaria ainda 7 horas para ele despertar.
Seu pai ligaria.

Todos se perguntavam o que estava acontecendo.
Seria algum bilionário excêntrico.

Lentamente, o mundo entendia que não era um local específico que havia recebido a tal chuva de dólares.
Todos os lugares, mares, ilhas, casas, campos, não importava.

Havia dólar para quem quisesse catar.
A “chuva” durou pouco mais de um minuto.
Foi intensa e impossível de calcular.

Algo novo acontecera.
Algo que não pode ser previsto, nem mesmo por Julius Stranger.
Se ao menos ele tivesse olhado com mais atenção ao ano seguinte…

Continua…

Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3

Julius Stranger: o dono do mundo – 2t Ep3

O mundo não é coisa fácil de ser moldada, é preciso levar tantas variantes em conta, que as próprias variantes mudam no caminho fazendo com que não haja contas certas.

Um dia, quando Julius era apenas um menino de 8 anos pediu ao seu pai uma bicicleta de presente, era algo meio antiquado até mesmo para o seu tempo, portanto, era caro, o pai lhe prometera, mas,  com uma condição:

– Manter o quarto arrumado, e o quintal limpo.

Durante 5 meses tudo foi com o pensado, Julius tinha cuidado, algumas vezes, até mesmo evitava brincar para não bagunçar nada, porém James, seu primo não tinha nenhum compromisso firmado, transformou o quarto numa filial do inferno, seu pai viu, nada falou, mas no momento oportuno, cobrou o preço. Julius não ganhou a bicicleta, o primo negou ser o responsável pela bagunça, então, aprendeu uma lição:

Não confie em ninguém.

O tempo passara, já se passavam 8 meses do caos e da prisão de Julius e sua cabeça, agora motivada pela mudança se perguntava o que seria do futuro. Não poderia, nem queria, viver para sempre. Fracassara em inventar uma máquina do tempo para dizer a si mesmo que não fizesse nada disso, também havia a questão inexplorada no reflexo temporal transverso. Um termo que ele mesmo inventou para exemplificar coisas que poderiam mudar pelo simples fato de serem tentadas.

Podia morrer. Tic Tac. O tempo voa.

Julius, sabia exatamente quando morreria, isso se nada mudasse, ou melhor, se ele não mudasse nada. Então, estava razoavelmente confortável com os 18 anos que lhe restavam. Nunca teve coragem de ver o que lhe acometeria, somente sabia da data por aproximação, por não encontrar mais a si mesmo em uma faixa de tempo.

Ainda que arriscasse diminuir esses 18 anos, Julius precisa descobrir o que fazer com o poder que tinha nas mãos.

Não poderia deixar uma inteligência artificial no comando, já tinha visto esse futuro e ele não era nada bom para a humanidade que basicamente viraria escrava de si mesmo. Lembrava também dos livros de Asimov e tinha medo. Ainda pior que essa possibilidade, era entregar o “poder” a algum governo, já tinha visto esse futuro também simulando diversos governos no poder, todos se corrompiam ou cometiam erros tolos que os faziam perder o poder.

Precisava pensar, Tic Tac. O tempo voa.

O carro voava sobre nuvens, e de repente uma chuva de post its caia sem parar, neles, apenas uma pergunta:
Por que não me avisou? Tentava responder, mas já não estava no carro, agora lia um antigo jornal com um recado de alguém procurando alguém, ficava exasperado, o grito não saía.

Acordou.

Tinha a resposta para a sua questão.
Viajar no tempo já sabia, não era possível.
Mas, e se o reflexo temporal transverso pudesse viajar. Não ele. Mas um pensamento, não uma pessoa, mas uma mensagem?

A questão era arriscada, afinal, poderia tentar mandar uma mensagem para o futuro e ok, isso não traria consequências já que poderia mudar uma coisa aqui e outra ali e “arrumar” a questão, mas, caso tivesse sucesso, o que seria do futuro? E se a mensagem chegasse errada? O que isso significaria. Precisava testar a hipótese, poderia ser uma saída.

Sentiu-se naquele momento o Frodo em seu momento de glória. Conseguiria abrir mão do anel?

Continua…

Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Julius Stranger: o dono do mundo – 2t Ep2

Havia mais de 6 horas que o Presidente estava tentando tirar informações de Julius, já suplicava a volta dos serviços e se via em um beco sem saída. Ou libertava o homem ali na sua frente ou o caos seguiria instaurado, mas, não havia qualquer garantia da volta dos serviços, que ele não sumiria novamente, ou pior, que ele não denunciaria o próprio país frente aos seus parceiros. Certamente as ações americanas seriam responsáveis por todo o caos, a decisão não era fácil.

James Hilton era veterano de exército e fora eleito 3 anos antes com a promessa de tirar os EUA da dependência de um “criminoso” procurado. James, na verdade, nem tinha nada contra Julius, apenas encontrou a oportunidade e o público certo. As teorias se multiplicavam: Julius era o próprio Lúcifer, filho dele, o anti-cristo. Todos viam em seus equipamentos ou nele próprio a marca da besta. Vídeos mostravam os “pais” de Július como líderes de uma seita satanista que buscava fiéis para o propósito do diabo. Hilton não era nem Republicano, nem Democrata, essa divisão já estava fora de moda há muito tempo, mas, pela primeira vez, alguém de fora conseguiu a eleição.

Os generais opinavam:

– Solte!
– Continue com ele preso!
– Torture.

Hilton, que nunca fora alguém de opiniões firmes, ponderou, pensou, repensou até que foi avisado sobre o sumiço de seu filho, James Hilton Jr, tentou contato por fone, não havia fone, internet ou qualquer outro modo de comunicação. Um papel escrito chegou ao serviço secreto, com uma letra típica de quem não escrevia, afinal, quem escrevia naqueles tempos?

Nela falava-se da morte do garoto caso os serviços não voltassem a operar. O Presidente estava acuado. Era claro que aquilo não era armado por Julius, ele não saberia que o Presidente estava naquele local, naquela hora, estava preso fazia muito tempo, eram os agentes ou militares, só podia ser.

De repente o Presidente foi tomado pelo terror. Estava cercado, era um comandante sem exército, ou pior, com conspiradores que juravam lealdade.

Hilton, pediu para todos saírem, sob protestos dos assessores mais próximos desligou qualquer comunicação, sentou ao lado de Julius e sussurou.

– Quer sair?
– Quero.
– Ligará as comunicações?
– Talvez. Não sei se devo.
– Só te libero se prometer.
– Talvez não deva me liberar. Aqui, não sou um perigo para ninguém.
– Então, faça o mundo voltar a funcionar, passe o controle as minhas mãos.
– Não posso. Tudo é grande demais para um governo. Você se corromperia. Eu mesmo fiquei próximo disso.
– Meu filho corre perigo. Me ajude.

Stranger olhou horrorizado para o Presidente. Não entendia o que aquilo queria dizer, mas sentiu naquelas palavras não um pedido, mas medo. Alguém com medo de perder quem ama.

Reconheceu o sentimento. Era íntimo dele. Lembrou dos pais. Estavam seguros, mas até quando? Naquele momento odiou a si mesmo e o momento que fez a maldita descoberta. Uma máquina de probabilidades reais. Que diabos… o futuro uma tela que poderia ser corrigida, o passado um livro sem censura. Era poder demais.

– Me libere. Quero um carro século XXI, desses que tem no museu. Quero sua garantia que não serei seguido. Saiba, provavelmente nunca mais me verá. Não me deixarei ser encontrado novamente. Essa é a sua última chance de me prender, essa decisão moldará o futuro. A única coisa que posso afirmar. Sou do bem. Quero o bem. Infelizmente a maioria de nós nunca está satisfeita com isso, por isso, há distúrbios.

Quando chegar, quando estiver longe e seguro, religarei tudo, mandarei uma mensagem ao mundo com alguma desculpa esfarrapada, tentarei diminuir as coisas ruins ao máximo. Não sei se terei sucesso.

– Vá!

– Um Cadilac 1958 que estava parado no Museu de Espionagem foi o veículo que o Dono do Mundo usou para ser visto pela última vez. Até houve uma tentativa de segui-lo com drones, mas, Julius não era pessoa que se deixava ser seguida. Também, já sabia que utilizaria aquele mesmo carro, bastou apertar um botão secreto para que sumisse de qualquer tentativa de visualizar seu paradeiro.

Era 21h33, horário de Washington, DC,  quando todos os serviços, de todo o mundo estavam de volta, em pleno funcionamento. As multidões se acalmaram e foram para suas casas. Era hora de contar mortos e feridos, era hora de governos se explicarem. Era hora de Julius preparar o seu próximo passo.

Continua…

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Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6

Segunda Temporada:
Capítulo 1

Julius Stranger: o dono do mundo – 2t Ep1

Julia, uma carioca da Baixada Fluminense tentou falar com o filho pelo telefone e não conseguiu, o telefone parecia mudo. Tentou uma mensagem de texto, mesmo resultado, apelou para a internet, nada! Estava sem comunicação.

Matteo era o responsável pelo sistema de sinais de trânsito de Berna, na Suiça, sua manhã estava um inferno como há muito não vivia, os sistemas simplesmente pararam, era necessário o envio de guardas de trânsito para organizar a cidade, mas não havia tanta gente assim disponível, com a baixíssima criminalidade e a confiabilidade do sistema eletrônico, nunca fora preciso. O caos estava instalado.

Ainda que considerasse Julius um criminoso, os equipamentos disponibilizados por ele eram bons demais para serem ignorados, e a NASA era uma das muitas agências do governo que dependiam deles, mas, naquela manhã, eles não funcionaram, anos de pesquisa estavam simplesmente inacessíveis.

Assim o mundo todo parou por absoluto. Até mesmo China e Coréia do Norte que haviam propagandeado que não utilizariam sistemas de um “criminoso” estavam paradas mostrando assim sua mentira e hipocrisia.

Nada funcionava e as consequências foram imediatas. Como nos bons anos do início do século XXI o povo foi às ruas protestar contra a situação. Protestavam contra Julius, contra os governos e as instituições. Queriam de volta as facilidades a que estavam acostumados. Lojas eram depredadas, violência sem aparato policial para conter a fúria imprudente dos manifestantes.

Feridos começam a chegar nos hospitais, mas não há médicos, não há equipamentos funcionando, não enfermeiros, apenas uma estrutura física lembrando as pessoas de quando ainda ficavam doentes e não havia cura ou esperança. O mundo estava pronto para sucumbir, em apenas uma manhã retornou ao século XXIII, mas dessa vez com requintes de crueldade: ninguém sabia como fazer nada, como haviam se acomodado, não tinham conhecimento para qualquer coisa. Não sabiam sequer fazer uma fogueira para preparar um alimento, os fogões elétricos não funcionavam, a própria luz os abandonou.

A ONU ou a OTAN procuravam Julius desesperadamente, incentivaram os países a retirarem quaisquer tipos de sanções ao homem, ele deveria deixar de ser alguém procurado, as coisas estavam piorando rapidamente, a maioria deles aceitou a sugestão e fizeram convites públicos para que Stranger fosse até seu território, até mesmo os Estados Unidos que, em um jogo de cena, omitiu de seus parceiros que havia prendido Julius, que o tinha sob custódia e que pretendia segurá-lo quanto tempo fosse possível. Oficialmente ele seguia desaparecido, era agora alguém preso fora dos registros.

As acusações contra Stranger variavam de quem perguntasse, passava por roubo, participação em organizações terroristas, crime contra o sistema financeiro, enfim… ele praticamente zerava o sistema criminal dos Estados Unidos. Em seu primeiro depoimento, abriu mão de advogados e apenas repetia a pergunta:

– Que mal eu fiz?

A pergunta trouxe estranheza, pois ela também parecia uma interjeição.

A maioria dos investigadores ali presentes morava em uma das casas de Julius, utilizava o celular e a rede de internet de Julius e tinham uma certeza, aquele homem na frente deles parecia apenas mais um homem, não o maior de todos, não o dono do mundo.

A porta se abriu de repente se abriu e o próprio presidente dos Estados Unidos, junto a seus generais mais próximos, entrou na sala de depoimento. Sem rodeios o presidente exigiu:

– Traga de volta os serviços! Agora! Já!

Julius olhou para ele e novamente indagou:

– Que mal eu fiz!?

Continua…

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Primeira Temporada:
Capítulo 1
Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6