Jornalismo online: em busca do pagamento perdido

journalism_crisis_cartoonA internet, a linda e maravilhosa internet, ela que divide tanto as opiniões, que leva as opiniões ao seus extremos simplesmente mudou tudo. Tudo o que conhecíamos como verdade, como difícil, como fácil, não importa, ela mudou. Para os pobres incautos que escolheram o jornalismo para ganhar a vida, estes tem uma remada ainda maior para dar: convencer que o jornalismo online, também é jornalismo. Se também é jornalismo é preciso que tenha um profissional para escrever as notícias, se precisa de um profissional, este precisa de um salário, se este precisa se um salário, logo é preciso que se obtenha ganho com essa atividade,e é aí que a porca torce o rabo:

– Eu? Pagar por notícias da internet? Nem a pau!
– Que porcaria esse site que só deixa eu ler 10 notícias por mês, agora acabou.

Em um mundo cheio de manchetes que se transformam em textos e que por si só formam as mais diversas opiniões, parece incrível que alguém queira cobrar por algo que certamente se conseguirá de graça em uma rede social qualquer, ou ainda será copiado por um blog que utilizará a velha tática do modo anônimo + inspeção de elementos para conseguir as informações que busca. E aí, a primeira incoerência se apresenta: perceba que a notícia que você está lendo de graça, foi escrita por alguém que é pago, por um empregador e que não terá absolutamente nada por ter disponibilizado aquele conteúdo.

Ok, Ediney, onde está a democratização da informação? Eu respondo: onde sempre esteve; nos blogs de opinião, nas agências públicas de informações. Ah, mas essa é chapa branca, sim, é verdade, mas é de graça. Importante que deixemos claro uma coisa: a grande maioria das informações que se busca de forma “de grátis” dizem respeito ao esporte, cultura, tv e fofocas, então o bom e velho argumento de que a democratização da informação prejudica a democracia não passa de um mito urbano.

Importante falar também e assim sejamos claros: não é possível fazer internet free, sem conteúdo pago. Não dá. Se você está lendo coisas free é porque alguém pagou. Outro fato que é importante ressaltar, ontem você pagava o impresso, hoje acha abominável pagar o online.

Sim, poderia haver outras formar de monetização? Anúncios, por exemplo? Sim, claro. Mas eles são suficientes para garantir em uma ferramenta plural e democrática? Esse segmento seria suficiente para se manter um veículo realmente isento? Pouco provável. O impresso não conseguiu, o online certamente não conseguirá. Os grandes jornais do mundo já estão nas plataformas online e cobrando por essa leitura. Por que não?

Por um mundo sem links?
Sim, pode parecer contradição da minha parte, mas o caça links, nada mais é que o jornalismo transformado em publicidade: manchetes como:

– Técnico da Série A é demitido durante o jogo
– Mulher de político é pega no flagra

Não é jornalismo, é publicidade, clique, abra o meu site, veja o meu anúncio ou assine o meu jornal que eu te conto. Então, sim, por um mundo sem links. Não se pode cobrar literalmente sem entregar, literalmente o que se cobra.

Que comece o debate.

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